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Racismo

Primeira audiência dos policiais envolvidos no assassinato de George Floyd ocorre nesta segunda

Os quatro policiais podem pegar até 40 anos de prisão pelo crime

Homenagens a George FloydHomenagens a George Floyd - Foto: Kerem Yucel / AFP

Os policiais envolvidos na morte do afro-americano George Floyd comparecerão nesta segunda-feira (29) no tribunal de Minneapolis para a primeira audiência do assassinato que reabriu as profundas feridas raciais nos Estados Unidos. 

O ex-agente branco Derek Chauvin, de 44 anos, vai se apresentar a partir das 17h15 GMT (14h15 de Brasília) por videoconferência da prisão de segurança máxima onde está detido. Chauvin é acusado de homicídio por asfixiar Floyd, um negro de 46 anos, ajoelhando-se em seu pescoço por mais de oito minutos.

Acusados de cumplicidade, Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao devem comparecer pessoalmente na audiência. Os dois primeiros foram libertados sob fiança de US$ 750.000. Os quatro, que podem pegar até 40 anos de prisão, poderiam aproveitar a audiência para se declarar culpado ou não. Resta saber se serão julgados juntos ou separadamente.

Os quatro participaram na detenção em 25 de maio de Floyd, suspeito de tentar comprar um maço de cigarros com uma nota falsa de US$ 20 em uma pequena loja em Minneapolis, no norte dos Estados Unidos.

Floyd, um homem corpulento, foi algemado e deitado no chão, onde Chauvin colocou o joelho sobre seu pescoço para mantê-lo imóvel.

"Não consigo respirar", disse Floyd várias vezes antes de desmaiar. Mas, apesar dos pedidos e das intervenções dos transeuntes, Chauvin continuou a pressionar o pescoço de Floyd. 

A tragédia, cujas imagens capturadas por um transeunte viralizaram, provocou uma onda de protestos sem precedentes desde as grandes marchas pelos direitos civis da década de 1960, que até transcenderam as fronteiras dos EUA.

Desmantelar a polícia
A raiva nas ruas aumentou rapidamente porque, a princípio, o sistema de justiça demorou a reagir. A polícia imediatamente demitiu os quatro homens, mas o promotor local responsável pelo caso só prendeu Chauvin quatro dias após os eventos e o acusou apenas de "homicídio involuntário", sem processar seus colegas.

O caso foi retirado da promotoria local e passou diretamente ao procurador do estado de Minnesota. Mais tarde, a necrópsia confirmou que Floyd havia morrido devido à "pressão no pescoço" e as acusações contra Chauvin foram reclassificadas como "homicídio".

Os outros três policiais envolvidos foram presos e acusados de "cumplicidade". Mas, embora isso tenha sido um alívio para a família de Floyd, os protestos continuaram nos Estados Unidos. As marchas passaram a exigir a reforma da polícia, o fim da desigualdade entre cidadãos negros e brancos e uma reflexão do passado racista e escravista do país.

Essa pressão deu seus primeiros frutos: vários departamentos de polícia do país renunciaram ao "mata-leão", outros se comprometeram a tornar públicas as responsabilidades de seus agentes ou a excluir os poderosos sindicatos dos processos disciplinares.

A prefeitura de Minneapolis decidiu desmantelar sua polícia para reinventar a maneira como a lei é aplicada. 

Mas no nível federal, o progresso tem sido mais tímido. O presidente republicano Donald Trump, que está em campanha pela reeleição em novembro, concentrou-se nos excessos cometidos às margens dos protestos, apresentando-se como garantidor da "lei e da ordem".

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