Primeira mulher na vice-presidência, Kamala Harris é uma estrela política em ascensão
Kamala incorporou uma diversidade agredadora à chapa de Joe Biden e ajudou os democratas a voltarem à Casa Branca
Apesar de os rostos à frente de um dos embates presidenciais mais marcantes da história dos Estados Unidos terem sido os de Joe Biden, do Partido Democrata, e Donald Trump, do Republicanos, é impossível não reconhecer o protagonismo de Kamala Harris, agora uma vice que é mais do que personagem de composição.
Advogada, ex-promotora e senadora pelo estado da Califórnia desde 2017, ela deu vida à campanha dos democratas e é um capítulo à parte dentro desse momento tão especial para o país norte-americano.
Essa história começou a ser escrita ainda em agosto, com a indicação de Kamala para compor a chapa junto a Joe Biden, em uma convenção que reuniu grandes mulheres da política estadunidense, como a ex-candidata presidencial Hillary Clinton, a presidenta da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, e a senadora progressista Elizabeth Warren.
Agora, aos 56 anos, ela vive um dos seus momentos mais especiais. Com a vitória no pleito, Kamala se torna a primeira mulher a assumir a vice-presidência de uma das principais potências mundiais, após a passagem de 48 homens pelo cargo, desde 1789. Fora isso, é a primeira pessoa negra no posto.
Equilibrando posicionamentos firmes e carisma, Kamala ganhou notoriedade durante o pleito norte-americano. Foto: Chandan Khanna/AFPEmbora Donald Trump tenha bradado durante o período de campanha que “ninguém vota em vice”, Kamala, mulher, negra, filha de imigrantes da Índia e da Jamaica, incorporou à chapa democrata uma diversidade agregadora que, sem sombra de dúvidas, ajudou a abrir os caminhos para o retorno do partido à Casa Branca.
Não se pode dizer, contudo, que ela já chegou ao ápice. O posicionamento forte e as falas afiadas, sobretudo no que diz respeito à luta por igualdade racial e de classes, parecem estar em perfeito equilíbrio com o carisma que faz de Kamala uma estrela política em ascensão.
As redes sociais mostram isso claramente. Cenas dela em momentos de descontração e, claro, exibindo seus tênis Converse em looks compostos na medida certa, aparecem constantemente entre os assuntos mais comentados do Twitter, por exemplo.
Tênis de Kamala Harris fizeram sucesso durante a campanha. Foto: Chandan Khanna/AFPO perfil de Kamala caiu como uma luva para estar ao lado de Biden, que nunca escondeu a importância em escolher bem a pessoa a ocupar o posto de vice. Essa necessidade se explica pelo fato de o presidente eleito ter 77 anos e, dificilmente, partir em busca de uma reeleição.
Nesse sentindo, soou como fundamental ter um vice capaz de ser elo de ligação com os eleitores mais jovens e disposto a assumir o comando do país com propriedade. Kamala se encaixa em ambas as vertentes. O assento principal do Salão Oval, por sinal, era a aspiração dela em 2019, quando se apresentou às primárias democratas.
Na época, curiosamente, fez duras críticas a Biden e esteve em situações de brilhantismo, mas não chegou a ter protagonismo ao ponto de aparecer com força nas pesquisas. Se retirou, em um movimento de recuo que acabou representando um horizonte mais promissor.
Ainda quando Obama estava prestes a deixar a Casa Branca, Kamala já aparecia como um dos nomes do futuro entre os democratas. Como vice, já dentro da Casa Branca, a possibilidade de substituição geracional ganha ainda mais força.
Força, inclusive, é um substantivo que parece combinar perfeitamente com a nova vice-presidente dos Estados Unidos, que foi a primeira negra promotora-geral na Califórnia e a segunda a ocupar uma cadeira no Senado.
Com o reconhecido pioneirismo de Kamala Harris e as projeções possíveis a partir dessa eleição, não é difícil acreditar que ela ainda tenha muito a escrever em sua história política.
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