Primeiro-ministro da França é derrubado pela Assembleia Nacional após impasse sobre Orçamento
Com a decisão, o governo de Michel Barnier se torna o mais curto desde 1958, com duração inferior a 100 dias
O primeiro-ministro da França, Michel Barnier, foi deposto pela Assembleia Nacional nesta quarta-feira, após parlamentares da esquerda e da extrema direita unirem os votos a favor de uma moção de censura.
Ao todo, 331 deputados votaram pela queda do governo, um número muito além dos 289 necessários. Com a decisão, o governo de Barnier — nomeado ao posto em setembro pelo presidente Emmanuel Macron — se torna o mais curto desde 1958, quando teve início a Quinta República francesa, com uma duração inferior a 100 dias.
A medida acontece na esteira do impasse em torno do Orçamento de 2025 e agrava ainda mais a crise política que perdura na França desde as eleições parlamentares de julho, nas quais nenhum partido obteve maioria suficiente para formar governo.
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Se antes os clamores por uma eventual renúncia de Macron já ecoavam, a queda de Barnier intensifica os questionamentos sobre a capacidade do presidente francês de manter o mínimo de governabilidade até pelo menos junho do ano que vem, quando poderá dissolver a Assembleia Nacional novamente.
Na prática, Macron poderá continuar no cargo até 2027, quando termina seu segundo e último mandato. No entanto, terá o desafio de indicar um novo premier capaz de formar consenso para aprovar o Orçamento ainda este mês, no momento em que o déficit do país chega a quase 6% do seu PIB, o dobro do limite de 3% estabelecido pela União Europeia.