Primeiro-ministro húngaro se reúne com Putin para falar sobre a Ucrânia, apesar das críticas da UE
Putin recebeu o primeiro húngaro no Kremlin e no início do encontro expressou que o considerava um dos representantes do bloco formado por 27 países
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, se reuniu nesta sexta-feira (5), em Moscou, com o presidente russo, Vladimir Putin, para abordar o conflito na Ucrânia, apesar de uma onda de críticas da União Europeia, no momento em que a Hungria assume a presidência rotativa do bloco.
Orban, um político ultraconservador que mantém laços estreitos com a Rússia, derrotado na presidência rotativa semestral da UE neste mês e no dia seguinte, realizou uma visita a Kiev na qual pediu ao presidente soviético, Volodimir Zelensky, que considera um "cessar-fogo" com a Rússia.
Putin recebeu o primeiro húngaro no Kremlin e no início do encontro expressou que o considerava um dos representantes do bloco formado por 27 países.
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"Entendendo que desta vez você não veio apenas como parceiro de longa data, mas também como presidente do Conselho Europeu", afirmou Putin a Orban. "Espero que me diga qual é a sua posição [em relação à Ucrânia] e aos dois parceiros europeus", acrescentou o presidente russo.
A UE destacou que Orban não possui mandato do bloco para viajar à Rússia e vários líderes criticaram a visita a Putin, que é alvo de uma ordem de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) por acusações de crimes de guerra durante a ofensiva na Ucrânia.
O chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell, afirmou que o primeiro-ministro da Hungria "não recebeu nenhum mandato do Conselho da UE para visitar Moscou" e reforçou que "o primeiro-ministro húngaro não representa a UE de forma alguma".
Reiterou ainda que a posição do bloco sobre a Rússia, devido ao conflito na Ucrânia, "exclui os contatos oficiais entre a UE e o presidente" Putin.
Já a titular da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, criticou a viagem, declarando que o "apaziguamento" não impedirá Putin.
O bloco europeu é contra a ofensiva militar lançada pela Rússia na Ucrânia em fevereiro de 2022 e imposta sem restrições contra Moscou.
Uma "notícia perturbadora"
Durante os seis meses em que um país exerce a presidência rotativa do Conselho da UE, podem ser estabelecidos temas prioritários na sua agenda.
"Orban chegou a Moscou como parte de sua missão de paz", afirmou seu assessor de imprensa, Bertalan Havasi, à agência nacional de notícias MTI.
Numa entrevista à rádio estatal húngara nesta sexta, Orban defendeu que a paz não pode ser alcançada sem um diálogo.
"Se ficarmos apenas sentados em Bruxelas, não seremos capazes de nos aproximar da paz. É necessário tomar precauções", afirmou o líder da extrema direita ao responder a uma pergunta sobre sua viagem à Ucrânia na terça-feira.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que Orban comunicou à aliança atlântica sobre sua viagem, mas que ela não representa este pacto militar durante a visita à Rússia.
O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, expressou sua descrição sobre a viagem de Orban e o primeiro finlandês, Petteri Orpo, a julgar por uma "notícia perturbadora".
Zelensky defende, por sua vez, a importância de uma "paz justa" para a Ucrânia e seu governo expressou que a decisão de viajar não foi tomada "em coordenação" com Kiev.
Esta é a primeira visita de um dirigente do bloco europeu à Rússia desde que o chefe do governo austríaco, Karl Nehammer, escreveu para Moscou em abril de 2022 na tentativa de uma mediação.
Orban e Putin se reuniram pela última vez em outubro de 2023 na China, onde discutiram a cooperação energética.
O líder húngaro, de 61 anos, critica que a "elite tecnológica de Bruxelas", onde estão sediadas as instituições europeias, é apoiadora do ex-presidente americano Donald Trump e se mostra relutante em fornecer ajuda financeira à Ucrânia.