OPEN ARMS

Primeiro navio de ajuda zarpa do Chipre em direção à Faixa de Gaza

Navio transporta quase 200 toneladas de alimentos como arroz, farinha ou conservas

Navio da "Open Arms" parte de Chipre para GazaNavio da "Open Arms" parte de Chipre para Gaza - Foto: Proactiva Open Arms/AFP

O primeiro navio da ONG espanhola 'Open Arms' zarpou nesta terça-feira (12) do Chipre em direção à Faixa de Gaza, onde a população sobrevive à beira da fome depois de mais de cinco meses de guerra entre Israel e Hamas.

A ONU estima que 2,2 milhões de pessoas, ou seja, a maioria da população, correm risco de morrer de fome no território palestino.

Apesar de uma nova rodada de negociações no Egito no início do mês, o Catar, país que atua como mediador no conflito, afirmou que Israel e Hamas "estão longe de um acordo" para um cessar-fogo.

Durante a noite, Israel bombardeou Rafah, refúgio de centenas de milhares de deslocados no sul do território palestino, a vizinha Khan Yunis e a Cidade de Gaza, ao norte, segundo correspondentes da AFP.

Segundo o governo do Hamas, 72 pessoas morreram nas últimas 24 horas em ataques israelenses.

O mundo muçulmano iniciou o mês de jejum sagrado do Ramadã, sinônimo de celebrações e grandes refeições em família após o pôr do sol, mas este ano os palestinos de Gaza não estão em condições de festejar.

Os moradores de Gaza se reuniram na segunda-feira à noite sem alegria para a primeira ruptura diária do jejum.

"Este Ramadã não tem gosto de Ramadã. Tem mais o gosto de sangue, da miséria, da separação e da opressão", afirmou Um Mohammed Abu Matar.

Diante da grave situação humanitária em Gaza, a União Europeia quer estabelecer uma rota marítima a partir do Chipre, país da UE mais próximo das costas do Oriente Médio.

O primeiro navio a utilizar este corredor marítimo zarpou na manhã de terça-feira do porto cipriota de Larnaca, que fica a 370 quilômetros de Gaza, para entregar ajuda humanitária.

O navio transporta quase 200 toneladas de alimentos como arroz, farinha ou conservas, que serão distribuídas em Gaza pela organização World Central Kitchen (WCK), liderada pelo chef hispano-americano José Andrés.

"O tempo é curto"
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, considerou a saída do primeiro navio um "sinal de esperança". "Vamos trabalhar duro para garantir que muitos outros navios sigam o exemplo", afirmou na rede social X.

Chipre já prepara um segundo navio, "muito maior", declarou o chefe da diplomacia da ilha, Constantinos Kombos, antes de propor "um processo mais sistemático e com volumes maiores".

"O tempo é curto" para evitar a fome, em particular no norte da Faixa, que está a caminho de uma catástrofe humanitária por não receber ajuda alimentar suficiente", alertou Cindy McCain, diretora do Programa Mundial de Alimentos (PMA).

Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, 25 pessoas, incluindo 21 crianças, morreram por desnutrição e desidratação nos hospitais de Gaza desde o início da guerra.

Nos últimos dias, vários países lançaram pacotes de alimentos pelo ar. Ao mesmo tempo, um navio militar zarpou no sábado dos Estados Unidos com o equipamento necessário para construir um cais para descarregar a ajuda.

O conflito começou em 7 de outubro com o ataque de milicianos do Hamas em território israelense: 1.160 pessoas foram assassinadas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados divulgados pelas autoridades de Israel.

O grupo islamista também sequestrou 250 pessoas - 130 continuam em cativeiro em Gaza, das quais 32 teriam sido mortas, segundo as autoridades israelenses.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e iniciou uma campanha militar que deixou 31.184 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Hamas.

"Longe de um acordo"
Nas últimas semanas, os mediadores intensificaram as negociações para tentar obter um acordo de trégua entre Israel e o movimento palestino Hamas antes do Ramadã, sem sucesso.

O acordo deveria incluir uma troca de reféns israelenses por presos palestinos e o aumento de ajuda internacional para Gaza.

Israel e Hamas estão "longe de um acordo" para um cessar das hostilidades, afirmou nesta terça-feira o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed al Ansari, antes de acrescentar, no entanto, que as conversações prosseguem entre as partes.

Na segunda-feira, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, insistiu na promessa de conseguir uma "vitória total" e prometeu acabar "com todos" os dirigentes do Hamas, considerado um grupo terrorista por Israel, Estados Unidos e UE.

Pelo menos duas pessoas foram mortas nesta terça-feira em novos bombardeios israelenses no leste do Líbano, segundo uma fonte de segurança, depois de o movimento Hezbollah, aliado do Hamas, ter lançado mais de 100 foguetes contra posições militares de Israel.

Desde o início da guerra, as forças israelenses atingiram "cerca de 4.500 alvos" do movimento pró-Irã Hezbollah no Líbano e na Síria, segundo o Exército.

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