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Sentebale

Príncipe Harry tentou '"surgir como o salvador", diz presidente de ONG que o acusa de assédio

Sophie Chandauka acusa Harry de deixar o cargo de patrono da organização com a intenção de prejudicá-la

Príncipe Harry Príncipe Harry  - Foto: Adrian Dennis / AFP

Em meio à crise que levou à renúncia do príncipe Harry como patrono da ONG Sentebale, que ele mesmo ajudou a fundar em 2006, na África, a presidente da instituição, Sophie Chandauka, deu declarações nas quais acusou o duque de Sussex de “assédio” e “intimidação”. Em uma de suas manifestações, Sophie também afirmou que Harry tentou “forçar um fracasso” para “depois surgir como o salvador”.

Segundo a rede BBC, Chandauka também afirmou que durante seu tempo à frente da Sentebale, ela enfrentou abusos de poder, sexismo e racismo, e que levou essas denúncias à Comissão de Caridade do Reino Unido.

Em uma série de declarações contundentes, Chandauka, que também foi membro do conselho da Sentebale antes de assumir a presidência, revelou que começou a perceber problemas na dinâmica com o príncipe Harry há cerca de um ano.

A situação gerou a renúncia de outros membros do conselho, que disseram ter perdido confiança na presidente e que ela entrou com uma ação legal para impedir sua destituição.

Ela criticou a figura de Harry, chamando-a de “tóxica”, e afirmou que a imagem do príncipe prejudicou a capacidade da organização de diversificar sua base de doadores e contratar profissionais qualificados. Em uma entrevista ao Financial Times, Chandauka explicou que as polêmicas envolvendo Harry desde sua mudança para os Estados Unidos impactaram diretamente a instituição.

— O maior risco para esta organização era a toxicidade da marca de seu principal patrono — disse.

Sophie também relatou que, em várias ocasiões, a equipe de Harry também a teria pressionado para defender Meghan Markle contra a publicidade negativa, o que ela se recusou a fazer.

— Eu disse “não”. Não vamos estabelecer um precedente pelo qual nos tornamos uma extensão da máquina de relações-públicas dos Sussex — disse à BBC.

A renúncia
A crise interna na Sentebale foi agravada pela renúncia de Harry e do príncipe Seeiso do Lesoto, ambos cofundadores da instituição, na última semana. Em uma declaração conjunta, eles afirmaram que a decisão de se afastar foi tomada "de coração partido" devido à deterioração "irreparável" da relação com Chandauka.

No entanto, a presidente da Sentebale não poupou críticas ao príncipe, acusando-o de agir de forma prejudicial ao órgão e de lançar um "ataque" à sua gestão sem prévio aviso.

Chandauka declarou que a renúncia abrupta de Harry, na semana passada, como patrono da Sentebale, foi uma ação calculada para prejudicar a organização, após uma tentativa fracassada de removê-la da presidência do conselho de curadores.

— Você consegue imaginar o impacto desse ataque sobre mim e sobre os 540 membros da Sentebale e suas famílias? — disse Chandauka em entrevista à emissora britânica Sky News: — Isso é um exemplo de assédio e intimidação em grande escala.

Um porta-voz de Harry e de sua esposa, Meghan, recusou-se a comentar as mais recentes alegações de Chandauka, feitas no programa “Sunday Morning with Trevor Phillips”.

A Sentebale foi cofundada pelo príncipe em 2006 em homenagem à sua falecida mãe, a princesa Diana, e para arrecadar fundos para ajudar jovens vítimas da pandemia de HIV no Lesoto. A instituição expandiu suas operações para o país vizinho, Botsuana, e trabalha com questões que vão desde abuso de substâncias e violência de gênero até mudanças climáticas e seus impactos sobre os jovens.

Harry, também conhecido como duque de Sussex, anunciou sua renúncia ao lado do cofundador da instituição, o príncipe Seeiso do Lesoto, na última quarta-feira, alegando que a relação entre o conselho de curadores e Chandauka havia se deteriorado de forma irreparável. Cinco dos nove membros do conselho haviam renunciado no início da semana.

As saídas ocorreram após uma série de conflitos crescentes entre o conselho e Chandauka. Os cinco membros haviam solicitado sua renúncia, alegando ter perdido “confiança e credibilidade” nela.

“É devastador que a relação entre os curadores da instituição e a presidente do conselho tenha se rompido de maneira irreparável, criando uma situação insustentável”, disseram Harry e o príncipe Seeiso em um comunicado conjunto ao anunciar sua renúncia. “Estamos chocados por termos que tomar essa decisão, mas temos um compromisso contínuo com os beneficiários da Sentebale.”

A disputa entre os membros do conselho e Chandauka foi parar na Justiça britânica e na Comissão de Caridade do Reino Unido, órgão regulador de instituições de caridade na Inglaterra e no País de Gales. Ambas as partes apresentaram acusações de irregularidades. Embora a Sentebale atue no sul da África, está registrada no Reino Unido.

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