Prisão de governador da oposição resulta em protestos na Bolívia
Centenas de pessoas se manifestaram violentamente em alguns bairros da cidade de Santa Cruz, capital econômica da Bolívia
Confrontos nas ruas entre civis e policiais foram flagrados nesta sexta-feira (30) na região de Santa Cruz, no leste da Bolívia, após a prisão de Luis Fernando Camacho, governador e influente nome da oposição, por um caso relacionado à saída de Evo Morales da presidência em 2019.
Centenas de pessoas se manifestaram violentamente em alguns bairros da cidade de Santa Cruz, capital econômica da Bolívia e a mais populosa do país, com quase 2 milhões de habitantes.
Jovens cercaram o comando do departamento de polícia à tarde e atiraram pedras e fogos de artifício, enquanto queimavam pneus de borracha nas ruas adjacentes, apurou um repórter da AFP.
Os policiais responderam com o uso de bombas de gás lacrimogêneo. Pelo menos quatro civis foram presos, segundo os primeiros relatórios.
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Três veículos que estavam na rua foram incendiados.
O canal de televisão privado Unitel mostrou imagens de um de seus funcionários com ferimentos no corpo, aparentemente atingido por disparos de balas da polícia.
As manifestações acontecem em meio a uma convocação do Comitê Cívico de Santa Cruz, poderoso conglomerado civil-empresarial, para uma greve de 24 horas nesta sexta-feira e bloqueio de ruas e avenidas.
Os protestos acontecem em repúdio à prisão de Camacho, advogado e empresário de 43 anos, acusado pelo Ministério Público de "terrorismo", apontado como peça-chave nas violentas mobilizações sociais que levaram à renúncia de Morales após 14 anos no poder.
Segundo o Ministério Público, houve um golpe contra Morales (2006-2019).
O governador, que afirmou brevemente na audiência judicial que "não vou me render", foi transferido para Chonchocoro, uma prisão de segurança máxima nos pampas andinos do departamento de La Paz.
Camacho pediu aos bolivianos que não permitam que o partido governista "imponha uma ditadura como na Venezuela e em Cuba". La Paz, Caracas e Havana são aliados políticos.
O governador preso afirmou que a única coisa que fez em 2019 foi se opor à "fraude" de Morales nas eleições daquele ano, quando o mandatário esquerdista foi reeleito até 2025.
Morales sempre negou a acusação e disse que sofreu um golpe civil-policial-militar planejado.