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Lua

Problemas técnicos colocam em risco missão americana na Lua

Equipes de controle em solo não conseguiram direcionar corretamente a nave não tripulada para o sol

Missão comercial que vai levar cargas à Lua está prevista para dezembro Missão comercial que vai levar cargas à Lua está prevista para dezembro  - Foto: Reprodução

Uma missão histórica privada, com o objetivo de chegar ao solo lunar, apresentou vários problemas técnicos nesta segunda-feira (8), que geraram o temor de um fracasso, uma reviravolta para as expectativas americanas de levar ao satélite natural da Terra seu primeiro robô em cinco décadas.

O foguete Vulcan Centaur, da United Launch Alliance (ULA), decolou em sua viagem inaugural da Estação da Força Espacial dos EUA, em Cabo Canaveral, na Flórida (sudeste), às 02h18 (04h18 no horário de Brasília), transportando o módulo de pouso lunar Peregrine da empresa americana Astrobotic, que conseguiu se separar com sucesso uma hora depois do lançamento.

Mas as equipes de controle em solo não conseguiram direcionar corretamente a nave não tripulada para o sol, ação necessária para que seus painéis obtivessem a geração máxima de energia para os sistemas da Peregrine.

“A equipe acredita que a possível causa do direcionamento assustador para o sol seja uma anomalia na propulsão que, se for comprovada, ameaça a capacidade da nave de pousar suavemente na Lua”, destacou a Astrobotic em sua conta na rede social X (antigo Twitter ).

A empresa acrescentou que actualmente a Peregrine sofre um corte de comunicações esperado e que daria mais informações assim que o contacto para restabelecido.

Embora os engenheiros tenham encontrado uma forma de conseguir direcionar a nave corretamente em uma "manobra improvisada", a empresa atualizou a informação depois, destacando que uma falha no sistema de propulsão parecia ser causa de uma "perda crítica de propulsão".

Espera-se que a nave alcance a órbita lunar e se mantenha ali por várias semanas antes de pousar em uma região de latitude média da Lua chamada Sinus Viscositatis, ou Baía da Aderência, em 23 de fevereiro, tornando-se a primeira companhia privada a realizar o feito.

Até agora, um pouso suave no satélite natural da Terra só foi realizado por algumas agências espaciais nacionais: a União Soviética foi a primeira, em 1966, seguida pelos Estados Unidos, que continuou a ser o único país a ter levado humanos à Lua.

A China tocou a superfície com sucesso três vezes na última década, enquanto a Índia foi a mais recente a alcançar o feito na sua segunda tentativa, no ano passado.

Os Estados Unidos recorreram ao setor privado em um esforço para estimular uma economia lunar mais ampla e enviar suas próprias naves espaciais a baixo custo, no âmbito do programa Commercial Lunar Payload Services (CLPS).

No entanto, o aparente fracasso da Astrobotic poderá resultar em críticas à nova estratégia.

O chefe da Agência Espacial Americana (Nasa), Bill Nelson, ainda, elogiou o voo inaugural. "O voo espacial é uma aventura atrevida, e @astrobotic está tendo progressos para as entregas da CLPS e Artemis. A @Nasa seguirá ampliando nosso alcanço no cosmos com nossos sócios comerciais", disse Nelson em X.

Uma tarefa desafiadora
A Nasa pagou à Astrobotic mais de 100 milhões de dólares (489 milhões de reais na cotação atual) pela missão, enquanto outra empresa contratada, a Intuitive Machines, com sede em Houston, pretende lançar o seu foguete em fevereiro e sondar perto do polo sul da Lua.

Artemis é o programa liderado pela Nasa para voltar a levar astronautas ao solo lunar no final desta década, como preparação para futuras missões a Marte.

O pouso controlado na Lua é um desafio, já que aproximadamente metade de todas as tentativas terminam em fracasso. Na ausência de uma atmosfera que permita o uso de paraquedas, uma nave espacial deve navegar por terrenos traiçoeiros usando apenas os seus propulsores para frear a sua descida.

As missões privadas de Israel e do Japão, assim como uma tentativa recente da agência espacial russa, falharam, embora a Agência Espacial Japonesa pretendesse conseguir o pouso do seu módulo SLIM, lançado em setembro passado, em meados de janeiro.

A Peregrine carrega um conjunto de instrumentos científicos que serão utilizados para estudar a radiação e a composição da superfície lunar, o que abriria caminho para o retorno dos astronautas.

Também leva um veículo do tamanho de uma caixa de sapatos construída pela Universidade Carnegie Mellon, um Bitcoin físico e, de forma um tanto controversa, restos cremados e DNA, incluindo o criador de Star Trek, Gene Roddenberry, o lendário autor e cientista de ficção científica, Arthur C. Clarke e um cachorro.

A Nação Navajo, o maior povo indígena dos Estados Unidos, afirma que a missão à Lua profana um corpo que é sagrado para sua cultura e defendeu a remoção da carga. Embora tenham sido concedidas uma reunião final com representantes da Casa Branca, da Nasa e de outros funcionários, já que suas objeções foram ignoradas.

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