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Procuradores russos acusam jornalista americano preso de espionar para a CIA

Evan Gershkovich, primeiro repórter ocidental a ser preso e acusado de espionagem por Moscou desde o fim da era soviética, está detido desde março de 2023

O jornalista Evan Gershkovich é escoltado para fora do Tribunal Lefortovsky O jornalista Evan Gershkovich é escoltado para fora do Tribunal Lefortovsky  - Foto: Natalia Kolesnikova / AFP

Os procuradores russos acusaram, nesta quinta-feira (13), o jornalista americano Evan Gershkovich, preso na Rússia desde março de 2023 por espionagem, de trabalhar para a Agência Central de Inteligência (CIA) americana. Em um comunicado, o Ministério Público disse que enviou o caso do jornalista a um tribunal para apreciação do mérito após ter apresentado "provas documentais" de que ele coletou informações para a agência americana sobre Uralvagonzavod, uma fábrica de tanques russa na região de Ecaterimburgo.

Gershkovich, que trabalhava para o Wall Street Journal, foi formalmente acusado de espionagem em abril do ano passado.

O representante oficial do Gabinete do procurador-geral russo, Adrei Ivanov, disse que aprovou a acusação criminal, informou a Ria Novosti, e que o caso do jornalista foi enviado a um tribunal na cidade de Yekaterinburg, nos Urais, onde o repórter foi preso em 2023, para "exame do mérito". Não foi indicada uma data em que o processo começará a ser julgado, informou a agência de notícias Reuters.

"A investigação estabeleceu e confirmou com provas documentais de que Gershkovich, um jornalista americano do The Wall Street Journal, sob as instruções da CIA, recolheu informações secretas na região de Ecaterimburgo em março de 2023 sobre as atividades da fábrica de defesa NPK Uralvagonzavod JSC na produção e reparação de equipamento militar", afirmou o comunicado do Ministério Público citado pela Reuters, acrescentando que "Gershkovich levou a cabo as ações ilegais utilizando métodos conspiratórios meticulosos".

O jornalista e seu empregador afirmam que a acusação de espionagem é falsa e a administração do presidente americano, Joe Biden, que também nega a acusação, exigiu sua libertação ainda em março.

Gershkovich, repórter de 31 anos do The Wall Street Journal e ex-colaborador da AFP, foi preso em 29 de março durante uma viagem de cobertura à região dos Montes Urais. Ele é o primeiro jornalista ocidental a ser preso e acusado de espionagem por Moscou desde o fim da era soviética, no início dos anos 1990. As acusações de espionagem acarretam penas que podem ir até 20 anos de prisão.

O jornalista está detido na famosa prisão de Lefortovo, em Moscovo, desde a sua detenção. Sua detenção expôs até que ponto a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, prejudicou as relações entre Moscou e Washington. A Rússia não forneceu anteriormente quaisquer detalhes públicos sobre o seu caso contra Gershkovich, afirmando apenas que o jornalista tinha sido "apanhado em flagrante".

As autoridades russas têm sugerido que poderiam estar abertas a uma troca de prisioneiros para Gershkovich, mas apenas depois de ser proferido um veredito. Em entrevista ao apresentador americano Tucker Carlson, em fevereiro, o próprio presidente Vladimir Putin disse "que não excluía" a possibilidade de uma troca entre prisioneiros, quando questionado sobre o caso do jornalista.

A troca faria parte de um acordo para libertar o ex-oficial do Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) Vadim Krasikova, um homem que, segundo a Alemanha, trabalhava para o Estado russo quando matou um comandante rebelde checheno em Berlim. Washington tem acusado repetidamente Moscou de deter cidadãos americanos na tentativa de os trocar por russos presos no estrangeiro por crimes graves. 

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