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RIO DE JANEIRO

Professor de escola do Rio de Janeiro acusa aluna de racismo e gordofobia

Caso aconteceu em março, quando um vídeo da adolescente de 14 anos xingando o professor foi compartilhado em um grupo de colegas

Fachada da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) no Centro do Rio Fachada da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) no Centro do Rio  - Foto: Reprodução

Um professor de Matemática de uma escola particular da Barra da Tijuca, na Zona Oeste, registrou ocorrência contra uma aluna do 9º ano por fato análogo a crime racial. O caso foi noticiado no último dia 12, na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), onde ele teria narrado xingamentos ditos pela adolescente, de 14 anos, em um vídeo divulgado em um grupo de colegas.

Nele, a menina começa reclamando do método do professor durante as aulas, que não usaria as apostilas de exercícios e seria confuso. Contudo, ela escalona o descontentamento e passa a insultar o professor, usando falas racistas e gordofóbicas. Entre os xingamentos estão “cabeça negra careca”, “macaco fud***”, “baleia imensa” e “negro fud***”.

O caso teria acontecido no dia 22 de março. Três dias depois, o pai da aluna foi à 16ª DP (Barra) registrar uma ocorrência contra a escola, que teria suspendido a adolescente e não estaria deixando ela retornar às aulas. No registro, ele diz que a filha não se dirigiu diretamente ao professor, e que no vídeo ela aparece fazendo “xingamentos”, mas não dá detalhes sobre quais seriam.

Ele também aponta que teria sofrido uma chantagem pela diretora da escola, que teria dito que, se ele insistisse no retorno da adolescente à escola, ela iria divulgar o vídeo. Além disso, afirmou que a diretora o teria enganado ao fazê-lo assinar um livro de presença que, na verdade, era um pedido de transferência da filha dele.

O pai também processou a escola sobre a expulsão da adolescente. No dia 4 de abril, uma juíza da 1ª Vara da Infância, Juventude e Idoso da Capital determinou o retorno da menina ao local, concordando com a opinião do Ministério Público de que “deve haver medidas alternativas para coibir a referida conduta ao invés de adotar medida extrema de expulsão da aluna, em ano letivo em curso, sem lhe oportunizar o contraditório e a ampla defesa”.

Nenhuma menção aos xingamentos racistas é feito no documento, que foi baseado no RO do pai na 16ª DP, onde o caso foi registrado como fato atípico, quando não há um crime claro a ser imputado. Naquele momento, ainda não havia a versão do professor. No último dia 29, o advogado que representa a escola entrou com recurso contra a decisão, que segue em segredo de Justiça.

 

Ao ser questionada sobre o caso, a escola informou, por nota, que tem um “comprometimento inegociável com a construção de uma cultura antirracista”, além de ter “responsabilidade pela formação de jovens que prezem pelo respeito e pela inclusão, além do compromisso com o fortalecimento de um ambiente seguro e saudável para toda a comunidade escolar”. Por fim, acrescentou que tomou “medidas disciplinares necessárias” e que tem prestado “todo o apoio e o acolhimento ao profissional envolvido”.

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