RIO DE JANEIRO

Professora sequestrada e morta no Rio de Janeiro foi queimada ainda com vida, diz laudo

Documento aponta que vítima tinha fuligem no pulmão. Corpo foi encontrado poucas horas após ela ligar para a mãe e informar o sequestro, pedindo R$ 2 mil

Parentes e amigos da professora Vitória Romana Graça, de 26 anos, acreditavam que ela estava desaparecida. O corpo dela foi encontrado carbonizadoParentes e amigos da professora Vitória Romana Graça, de 26 anos, acreditavam que ela estava desaparecida. O corpo dela foi encontrado carbonizado - Foto: Reprodução/Instagram

A professora Vitória Romana Graça, de 26 anos, ainda estava com vida quando teve seu corpo queimado em Senador Camará, na Zona Oeste do Rio, na madrugada da última sexta-feira, aponta laudo do Instituto Médico-Legal (IML).

Segundo o documento, a vítima morreu por aspiração de fuligem. Seu corpo foi encontrado por moradores por volta das 8h daquele dia, na Praça Damasco. Vitória estava desaparecida desde a noite anterior, quando saiu da casa de sua mãe para encontrar a mãe de sua ex-namorada e a menina, uma adolescente de 14 anos.

Ferragens e tecidos encontrados no local do crime levam a polícia a acreditar que a vítima estava numa mala quando os criminosos atearam fogo. Apesar do sequestro mediante extorsão, a polícia ainda não sabe a motivação do crime.

Em depoimento, a mãe de Vitória contou que o último contato com a filha foi às 5h do dia em que foi morta, quando a vítima afirmou — com voz de choro — ter sido sequestrada e que não sabia informar a localização, mas que precisava que a mãe pagasse R$ 2 mil aos criminosos. A mãe da professora não informou quantas ligações foram feitas, mas disse que, em meio às tentativas de falar novamente com a filha, foi atendida por um homem e uma mulher, que ressaltavam o pedido por dinheiro.

Segundo relato de uma testemunha, a professora fez um desabafo no dia em que desapareceu. Cansada de arcar com despesas de Paula e sua filha, a vítima teria dito que já havia ajudado bastante a família e que não tinha mais condições. Paula apareceu na escola acompanhada do irmão para dizer que a filha não havia aceitado bem o fim do namoro e pediu que as duas conversassem “fora do seu local de trabalho”.
 

Um amigo da vítima, também funcionário da escola, contou à polícia que sugeriu a Vitória que encontrasse com a mulher em um local público, “de preferência um shopping, onde tem muitas pessoas”. De acordo com funcionários do colégio, o filho de Paula estuda na unidade, motivo pelo qual ela conseguiu entrar no estabelecimento com facilidade naquele dia.

Vitoria era professora contratada do município há quatro meses e dava aula na Escola Municipal Oscar Thompson, em Santíssimo. Segundo a adolescente, com quem manteve um relacionamento, as duas se conheceram pelo Instagram e ficaram juntas também por quatro meses.

Após ser apreendida, a adolescente disse à polícia não ter envolvimento com o crime. De acordo com ela, na noite em que Vitória desapareceu, em 10 de agosto, ela havia tomado um remédio e, quando acordou, estranhou que a mãe não estava em casa. Ao questionar seu irmão, de 16 anos, ele respondera que a mãe teria ido à Mercearia Rosa — local para o qual, posteriormente, foi identificada uma transferência via PIX da conta bancária da família da vítima.

Mandado de prisão em aberto
Paula já tinha mandado de prisão em aberto por roubo qualificado. No último domingo, ela participou de duas audiências de custódias. Uma em relação ao sequestro e morte da professora, e a outra por ter sido condenada, em 2014, a seis anos de prisão por roubo.

No processo, consta que ela fez quatro roubos em pouco espaço de tempo, acompanhada de um menor infrator. Um trecho da decisão da época diz que Paula usou “um simulacro de arma de fogo, o que denota a extrema ousadia da acusada e denota sua conduta social distorcida”.

Passado de crimes
Há três registros na folha de antecedentes criminais de Paula. A primeira aconteceu em 2010, quando a mulher foi acusada de "lesão corporal decorrente de violência doméstica". Contudo, em 2021, um juiz determinou a extinção da punibilidade dela, ou seja, anulou a possibilidade dela ser presa.

Já em 2013, Paula foi presa por roubo na companhia de um menor de 18 anos, situação considerada "corrupção de menor", um agravante de pena. No ano seguinte, ela foi condenada a mais de 6 anos de prisão, dos quais cumpriu 1 ano e oito meses em regime semiaberto. A sentença continua em aberto.

O último anotado diz respeito ao crime no qual ela foi presa no sábado (12), fichado como "extorsão mediante sequestro". A Polícia Civil ainda investiga o assassinato da professora, que pode ser incluído no mesmo caso.

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