Professores da rede estadual de Pernambuco decretam greve
Em votação realizada na tarde desta quarta-feira (30), através de assembleia virtual, os professores da rede estadual de ensino de Pernambuco decidiram pela decretação de greve. Essa foi a escolha de 73% dos participantes na reunião, cerca de 1.500 docentes de todo o Estado. Outros 22% votaram por decretar a greve apenas na segunda-feira (5), após uma nova rodada de conversas com representantes do Governo do Estado, enquanto outros 6% se abstiveram.
Um ofício será enviado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) para notificar o Governo do Estado e, na próxima segunda, os docentes farão uma nova reunião virtual para discutir os detalhes da deflagração da greve, que deve acontecer no máximo até a meia-noite da terça (6). O dia 6 de outubro foi a data estabelecida para o retorno das atividades presenciais, começando com as turmas do terceiro ano do Ensino Médio.
A decisão pela greve acontece no mesmo dia em que o Sindicato dos Professores de Pernambuco (Sinpro-PE), que reúne docentes das escolas da rede particular do Estado, decretaram estado de greve. Ambas as ações reagem à decisão do Governo estadual de permitir, a partir da próxima semana, a volta das aulas presenciais. Existe uma queixa generalizada da categoria, incluindo os profissionais das redes pública e privada, de que não tiveram voz na elaboração dos protocolos sanitários de prevenção ao novo coronavírus nas unidades de ensino.
Os servidores do Estado usam como base para discordar do retorno neste momento um parecer da Rede Solidária em Defesa da Vida (RedeSol-PE), assinado por epidemiologistas referendados, sobre o tema. O documento diz que, no atual momento, ainda há riscos no retorno dessa atividade. "A melhor maneira de ter uma volta às aulas segura é, em primeiro lugar, controlando a transmissão comunitária do vírus. Reaberturas feitas em picos epidêmicos ou em locais com pouco tempo de melhora geral do número de casos podem comprometer todo esforço empenhado ao longo dos meses de imposição de medidas não farmacológicas de distanciamento físico para deter a disseminação do vírus", detalha um trecho do parecer.
De acordo com os protocolos do Estado, a volta às aulas presenciais é facultativa para os alunos e acontecerá de forma escalonada. No primeiro momento, apenas os concluintes deverão retornar, no dia 6. A depender do cenário, os alunos do segundo ano do Ensino Médio terão o retorno autorizado no dia 13, enquanto as turmas do primeiro ano têm volta prevista para o dia 20. Nesta quarta-feira, o secretário de Educação e Esportes do Estado, Fred Amancio, informou, em coletiva de imprensa remota, que as escolas da rede deverão iniciar os turnos uma hora mais tarde, a partir as 8h, para evitar superlotação nos ônibus.
Outro lado
Em nota, a Secretaria de Educação e Esportes disse trabalha com a premissa de manter o diálogo com os professores, demais profissionais de educação e com o Sintepe. E que, por isso, "recebe com surpresa a informação sobre decretação de greve dos professores da rede pública estadual, uma vez que estava em processo de diálogo com a categoria”. "O órgão aguarda a formalização desta decisão por parte do Sintepe e a apresentação de uma proposta que permita a continuidade da negociação”, continua o documento.
A Secretaria de Educação e Esportes pontuou ainda que "estabeleceu a retomada das aulas presenciais para o Ensino Médio em etapas a partir do dia 6 de outubro e de forma facultativa para os estudantes, com base em autorização das autoridades de saúde do Estado, que vem acompanhando diariamente a redução dos números da pandemia e a melhoria de todos os indicadores epidemiológicos”. Informou ainda "que vem tomando as providências desde o mês de julho para que o retorno às aulas presenciais seja realizado de forma segura e observando o cumprimento das medidas previstas no protocolo sanitário para a área de educação".