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Venezuela

Professores da Venezuela desabilitam melhores horários antes da volta às aulas

O salário pago aos professores está muito abaixo do valor da cesta básica no país

Professores na Venezuela voltaram às ruas, nesta segunda-feira (18),Professores na Venezuela voltaram às ruas, nesta segunda-feira (18), - Foto: Yuri Cortez / AFP

Professores na Venezuela voltaram às ruas, nesta segunda-feira (18), para exigir “salários justos” e melhorias nas escolas, a poucas semanas para o início do novo período escolar previsto para 2 de outubro.

Agitando cartazes com frases como "Não avance de fome, não a pensões de morte!" e "Salários e pensões indexados à cesta básica!", professores ativos e aposentados marcharam em protesto contra a "bonificação" dos atrasos e do declínio na educação.

“Eu fico com raiva porque nos tratamos como mendigos, eles nos fazem de mendigos”, lamentou Xiomara Mijares, uma professora com 25 anos de serviço que se juntou a cerca de 300 manifestantes que protestaram em frente à Defensoria do Povo e Ministério Público, no centro de Caracas.

“Eles transformaram os trabalhadores do país em operários de fábrica ou escravos, o que é a mesma coisa, porque não receberam um salário para viver com dignidade”, disse Mijares, que tem 30 alunos sob sua responsabilidade.

Lenin Barrios, um professor de inglês de 53 anos com 20 anos de serviço, disse à AFP que recebe o equivalente a cerca de 25 dólares (R$ 121) por mês.

“É menos de um dólar (R$ 4,85) por dia”, disse ele, acrescentando que sobreviveu com a ajuda de uma enteada. “Precisamos que nos ouçam”, suplicou.

O salário pago aos professores está muito abaixo do valor da cesta básica da Venezuela, estimado em mais de 502 dólares (R$ 2.436) em agosto de 2023.

Outra privacidade constante é a restrição da qualidade da educação, a ponto de alunos passarem de ano sem saber ler ou resolver exercícios básicos de matemática.

Devido à crise, nas escolas públicas as aulas são ministradas apenas duas vezes por semana, e até mesmo uma vez, em alguns casos.

“O governo, para não nos pagar um salário justo, tentamos que tivéssemos um cronograma de mosaico, no qual ganhamos dois dias por semana e nos outros três nos disseram para nos virar”, disse Mijares.

Neste contexto, Elsa Castillo, representante da Federação Venezuelana de Professores, considera que não há condições para o retorno às aulas, embora os professores tenham sido convocados nesta segunda-feira para iniciar trabalhos "administrativos".

“A mensagem para os professores é não se apresentar, não é uma greve, não é uma paralisação”, afirmou, citando uma cláusula contratual que permite aos professores faltar por eventos “fortuitos”. Neste caso, o argumento são os esperados, de que "não são suficientes nem para pagar a passagem".

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