Proteger alto-mar é prioridade da conferência mundial de oceanos no Panamá
ONGs pedem um maior uso da tecnologia espacial e do GPS para monitorar as frotas pesqueiras e evitar capturas em áreas proibidas
Uma conferência mundial sobre os oceanos começa nesta quinta-feira (2) no Panamá, com apelos para se fechar o quanto antes um convênio de proteção das águas internacionais e usar tecnologias de satélite para combater a pesca ilegal.
Especialistas, ministros e filantropos vão debater durante dois dias, na oitava conferência Our Ocean ("Nosso Oceano"), novos compromissos para fomentar a economia "azul" e a ampliação das áreas marinhas protegidas.
Cerca de 600 delegados de governos, empresas e ONGs vão avaliar inúmeras iniciativas para reduzir a poluição com plásticos e outros resíduos, frear a mineração submarina e financiar planos de proteção marinha.
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Em um fórum prévio à reunião, funcionários de alto escalã de Europa, Estados Unidos, América Latina e Ilhas do Pacífico pediram que seja firmado o quanto antes um acordo sobre a proteção do alto-mar, o qual se negocia há anos na ONU, em Nova York.
"Vamos selar o acordo", disse o secretário francês de Estado para o Mar, Hervé Berville.
"Estamos muito próximos", afirmou a subsecretária de Estado americana para os Oceanos, Maxine Burkett.
"Esperamos que todos os países cheguem a um acordo ambicioso", declarou o moderador do fórum, o biólogo Maximiliano Bello, da ONG Mission Blue.
“Metade da superfície do planeta está em alto-mar, fora das jurisdições nacionais, e apenas uma dúzia de países vem usando-a [explorando-a] de uma maneira bastante disruptiva”, disse Bello à AFP.
"Assunto diplomático e político"
Our Ocean é a única conferência, na qual se abordam todos os problemas do mar. Mais de 200 ONGs, 60 centros de pesquisa, 14 filantropos e uma centena de empresas e de organizações internacionais participam deste encontro no Panamá.
"A França espera três coisas desta reunião: primeiro, que todos os países possam se alinhar para concretizar este tratado [sobre alto-mar], que é muito importante para a preservação do oceano e para nossa luta contra a mudança climática", disse Berville à AFP.
"Segunda coisa, continuar fazendo do oceano um assunto diplomático e político, e o terceiro aspecto é [formar] uma coalizão contra a mineração no fundo do mar", acrescentou a autoridade francesa.
Principal promotor da conferência e atual enviado da Casa Branca para questões climáticas, o ex-secretário de Estado americano John Kerry também participará do encontro, assim como a renomada oceanógrafa e exploradora americana Sylvia Earle. Aos 87 anos, ela segue ativa na cruzada para proteger o mar.
"Temos a melhor oportunidade" para proteger o oceano, disse Earle, no fórum anterior.
Os delegados não adotarão acordos, nem farão votações, e sim anunciarão "compromissos" voluntários para proteger o oceano. Entre eles, está o de buscar formas de enfrentar a superexploração marinha e a pesca ilegal, por meio de uma maior troca de informações sobre frotas pesqueiras e outros dados que, em muitos países, são reservados.
O oceano cobre cerca de 75% da Terra, e são necessárias medidas globais para protegê-lo, insistem os especialistas.
Além disso, as ONGs pedem um maior uso da tecnologia espacial e do GPS para monitorar as frotas pesqueiras e evitar capturas em áreas proibidas, ou em períodos de defeso.