Protestos anticoloniais na Austrália no dia de luto pela rainha Elizabeth
O governador-geral da Austrália afirmou que reconhece as preocupações e reivindicações dos primeiros habitantes da ilha-continente
Centenas de ativistas se manifestaram nesta quinta-feira (22) na Austrália para denunciar o impacto destrutivo que o colonialismo britânico teve nos povos indígenas da ilha-continente, enquanto o país celebra um dia de luto pela morte da rainha Elizabeth II.
"Abolir a Monarquia" foi a mensagem que os manifestantes trouxeram para seus protestos em Sydney, Melbourne e Canberra, denunciando a perseguição e pilhagem de povos indígenas desde que os britânicos chegaram à Austrália há mais de dois séculos.
"Não há motivo para lamentar a rainha (...)", disse Gwenda Stanley, 49, ativista dos povos indígenas Gomeroi em Sydney, que defende a devolução das terras saqueadas e a compensação pelos "crimes de guerra" cometidos contra eles
"A monarquia tem que ser abolida, deveria ter sido há muitos anos", disse outro ativista indígena, Paul Silva, 24.
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Por ocasião de um memorial em homenagem à Rainha Elizabeth II em Canberra, o governador-geral da Austrália David Hurley, que representa a monarquia, afirmou que reconhece as preocupações e reivindicações dos primeiros habitantes da ilha-continente.
"Mesmo considerando o papel unificador que a rainha desempenhou, reconheço que sua morte gerou reações mistas em algumas de nossas comunidades", disse Hurley.
A chegada dos britânicos em 1788 deu início a dois séculos de discriminação, opressão e perseguição aos indígenas australianos, que habitam a terra há cerca de 65 mil anos, segundo estimativas.