Peru

Protestos contra o governo do Peru recomeçam com bloqueio de vias

Manifestações foram registradas em regiões onde o ex-presidente Castillo conta com amplo apoio

Protestos no Peru levam a bloqueios de estradas e manifestações em várias regiõesProtestos no Peru levam a bloqueios de estradas e manifestações em várias regiões - Foto: Diego Ramos / AFP

Os protestos no Peru contra a presidente Dina Boluarte, sucessora de Pedro Castillo, deposto, foram retomados nesta quarta-feira (4), após uma interrupção pelas festas de fim de ano, com bloqueios de estradas e manifestações em várias regiões.

O governo já esperava, conforme antecipou na semana passada, a volta a partir de 4 de janeiro das mobilizações que exigem a renúncia de Boluarte, o fechamento do Congresso e a convocação imediata de eleições.

Foram registradas manifestações em regiões onde Castillo, um professor rural de esquerda, conta com amplo apoio.

“Existem dez pontos de bloqueio, especialmente em Puno” (sudeste), afirmou a jornalistas o chefe do gabinete dos ministros, Alberto Otárola, depois da instalação, em Lima, de um centro de monitoramento e controle de crises.

Em Arequipa (sul), a polícia tentava bloquear vias utilizando gás lacrimogêneo para dispersar dezenas de manifestantes. Os bloqueios com pedras e queima de pneus também ocorriam em vias das regiões de Junín (centro), Cusco e Apurímac (sudeste), segundo a imprensa peruana.

Em Puerto Maldonado, região amazônica de Madre de Dios (sudeste), manifestantes bloquearam um trecho da via Interoceânica, que liga o Peru ao Brasil.

No entanto, "os aeroportos estão funcionando normalmente", observou Otárola.

Sem trens para Machu Picchu
Por precaução, o trem entre Cusco e a cidadela inca de Machu Picchu, joia do turismo do país, foi suspenso nesta quarta por tempo indeterminado, a fim de garantir a segurança dos turistas, informou a empresa que administra o serviço.

Além disso, cerca de 2.000 turistas estrangeiros e peruanos foram evacuados voluntariamente de Machu Picchu para Cusco, indicou a polícia. Aqueles que preferiram ficar, podiam entrar na cidadela, informou o Ministério da Cultura.

“Implementamos procedimentos para a evacuação imediata, se necessário, até áreas seguras, para a proteção dos turistas”, disse a pasta no Twitter.

Nos protestos do fim de 2022, milhares de visitantes ficaram presos em Machu Picchu e Cusco, com a interrupção da via férrea e o fechamento do aeroporto, após uma tentativa de tomada pelos manifestantes.

Como vice-presidente, Boluarte substituiu Castillo, que em 7 de dezembro de 2022 tentou, sem sucesso, dar um golpe de Estado. Acabou sendo destituído pelo Congresso e, então, preso para ser investigado por rebelião.

Após a queda de Castillo, teve início uma onda de protestos violentos no centro e no sul do Peru, onde o ex-governante tem mais apoiadores. Foram reprimidos pelas forças de segurança, deixando 22 mortos e mais de 600 feridos, vários deles baleados.

O governo prometeu uma investigação para identificar os responsáveis, em meio a críticas por um suposto uso excessivo da força.

Apelo à paz
As manifestações haviam encolhido muito por cerca de duas semanas, mas sindicatos e organizações indígenas e camponesas as retomaram nesta quarta.

Prédios públicos e aeroportos nas regiões onde foram anunciados protestos amanheceram resguardados por policiais e militares. Estes últimos foram autorizados a intervir após a declaração, em dezembro, de um estado de emergência.

“Queremos que o Congresso seja fechado e que haja uma solução logo (...) Não queremos mais mortes, queremos tranquilidade”, afirmou à AFP Rita Suaña, residente das ilhas de Uros, em Puno, na fronteira com a Bolívia.

De Lima, Boluarte pediu o fim da violência, alertando que gera "atraso, dor, perdas econômicas”. “Faço um apelo pela paz, a calma, a unidade para promover o desenvolvimento da pátria”, disse.

Em uma tentativa de aplacar as reivindicações, em dezembro, o Parlamento antecipou as eleições de 2026 para abril de 2024. Mas Milan Knezvich, presidente da Frente de Luta da cidade de Abancay, em Apurímac, garantiu que os protestos continuarão.

“Ninguém vai querer dialogar com ela. Enquanto a senhora Dina Boluarte não renunciar, isso vai seguir em frente”, declarou à rádio Exitosa.

No centro de Lima, dezenas de cidadãos foram até a praça 2 de Mayo, local onde costumam se reunir os sindicatos de trabalhadores.

Por outro lado, na terça-feira, membros de grupos sociais, políticos e religiosos também marcharam em várias regiões do Peru contra a anunciada reativação dos protestos.

A chamada “Marcha pela Paz, Violência Nunca Mais”, promovida principalmente pelos movimentos de direita e centro-direita do país, reuniu centenas de pessoas.

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