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Sudão

Protestos contra poder militar no Sudão deixam três mortos

Nesta quinta-feira, milhares de sudaneses voltaram às ruas para protestar contra o governo militar

Manifestantes sudaneses se manifestam contra os militares, passando por pneus em chamas na capital Cartum, em 6 de janeiro de 2022Manifestantes sudaneses se manifestam contra os militares, passando por pneus em chamas na capital Cartum, em 6 de janeiro de 2022 - Foto: AFP

Três manifestantes morreram em um novo dia de protestos no Sudão contra os militares, que chegaram ao poder com um golpe há mais de dois meses, informaram nesta quinta-feira médicos e testemunhas. 

Os três foram vítimas de disparos efetuados "pelas forças golpistas", afirmou a associação independente Comitê Central de Médicos. 

Um manifestante morreu depois de receber "um tiro na cabeça" e o outro foi baleado na pélvis na cidade de Omdurman, em frente à capital Cartum, informou o Comitê. O terceiro morreu no norte de Cartum, após receber tiros no peito, detalhou. 

Os médicos também indicaram que mais de 300 pessoas foram feridas por munição real, balas de borracha e gás lacrimogêneo.

Um total de 60 pessoas foram mortas pelas forças de segurança desde o golpe de Estado de 25 de outubro de 2021, segundo os médicos. Liderado pelo comandante do Exército, Abdel Fattah al-Burhan, o golpe pôs fim à transição para um governo civil pleno, quase dois anos depois da queda do ditador Omar al-Bashir, que estava há três décadas no poder.

O primeiro-ministro e rosto civil da transição, Abdallah Hamdok foi detido e, depois, reinstalado pelo general Burhan, um mês depois do golpe. Mas em 2 de janeiro ele renunciou após um dia de manifestações violentamente reprimidas.

Sem rendição 

Nesta quinta-feira, milhares de sudaneses voltaram às ruas para protestar contra o governo militar. Segundo testemunhas, as forças de ordem lançaram gás lacrimogêneo contra os manifestantes que avançavam até o palácio presidencial e a sede do Exército em Cartum.

"Não há interesse em prolongar o vazio estatal", disse Taher Abouhaga, um dos assessores de Burhan, citado pela agência oficial de notícias Suna. "Este vazio deve ser preenchido o mais rapidamente possível", acrescentou, sugerindo que o governo estava se preparando para nomear um novo primeiro-ministro.

Apesar da repressão letal, a Associação de Profissionais do Sudão, que liderou a revolta contra Bashir em 2019 e o faz contra o Exército desde o golpe de outubro, convocou novas manifestações para exigir um governo civil pleno.

“Continuaremos nos manifestando até conseguirmos que a nossa revolução e o governo civil voltem à normalidade”, afirmou o manifestante Mojataba Hussein, 23. "Não iremos parar até recuperarmos o nosso país", reforçou o manifestante Samar al-Tayeb, 22.

Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido e Noruega pediram na terça-feira aos militares que não nomeassem um novo chefe de governo unilateralmente. Isso "prejudicaria a credibilidade" das instituições de transição "e correria o risco de mergulhar o país no conflito", alertaram.

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, pediu ontem aos policiais que "deixem de usar a força letal contra os manifestantes". 

O general Burhan promete realizar eleições em julho de 2023.

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