Estados Unidos

Protestos pró-palestina crescem nos EUA apesar de repressão policial e denúncias de antissemitismo

Estudantes pedem que universidades rompam laços com empresas ligadas a Israel e cessar-fogo imediato em Gaza; autoridades denunciam antissemitismo, o que é negado por organizações

Estudantes cantam durante um protesto pró-Palestina contra a guerra em Gaza, na Universidade Emory Estudantes cantam durante um protesto pró-Palestina contra a guerra em Gaza, na Universidade Emory  - Foto: Elijah Nouvelage/AFP

Mesmo sob uma repressão policial que resultou na prisão de mais de 200 pessoas desde a quarta-feira, protestos pró-palestina continuam a ganhar corpo em universidades americanas. Estudantes montaram acampamento em cerca de 20 instituições de ensino superior, espalhadas por ao menos 11 estados, para pressionar por um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza e cobrar medidas efetivas de suas reitorias para cortar laços com empresas que apoiam a guerra de Israel contra o Hamas no enclave palestino.

Mais de 100 manifestantes foram presos entre a noite de quarta e a madrugada de quinta no campus do Emerson College, em Boston, onde estavam acampados desde domingo. A polícia local iniciou uma operação para desmontar o acampamento, o que foi concluído na manhã desta quinta, mas houve resistência. Quatro policiais teriam ficado feridos no processo.

Responsáveis pela administração de universidades do Texas à Califórnia agiram para dispersar os manifestantes e impedir que acampamentos se estabelecessem em seus próprios campi, como ocorreu na Universidade de Columbia, mobilizando a polícia. Em Los Angeles, 93 manifestantes foram presos no campus da Universidade do Sul da Califórnia (USC), após um chamado por invasão de propriedade.

Uma operação similar foi realizada, também na quarta-feira, no campus da Universidade do Texas em Austin. Trinta e quatro pessoas foram detidas, segundo as autoridades estaduais. O governador Greg Abbott prometeu que as prisões continuariam até o protesto se dispersasse, afirmando que os manifestantes "pertencem à prisão". Em uma publicação no X (antigo Twitter), o republicano disse que "estudantes que participam de protestos antissemitas cheios de ódio em qualquer faculdade ou universidade pública no Texas deveriam ser expulsos".

Os esforços para coibir as manifestações não estão alcançando um efeito dissuasor no movimento mais amplo. Desde que os primeiros estudantes foram presos na Universidade Columbia, em Nova York, na semana passada, os protestos se espalharam para outras instituições. Enquanto as polícias da Califórnia e do Texas prendiam manifestantes, na quarta, centenas de alunos de Harvard, na Costa Leste dos EUA, reuniram-se para protestar contra a suspensão de um comitê de solidariedade à Palestina e montaram barracas e tendas nos jardins da instituição.

Como um movimento amplo, muitas pautas e falas diferentes foram proferidas e defendidas ao longo dos dias. Alguns pontos em comum são apelos para que as faculdades rompam laços financeiros com empresas ligadas a Israel e para que os EUA ponham fim à ajuda militar ao país. Também exigem que seja garantida liberdade de manifestação nos campi das instituições, sem perseguição aos estudantes.

As administrações dos campi, por outro lado, têm tentado caminhar na corda bamba entre a defesa da liberdade de expressão e a manutenção da ordem. Algumas escolas suspenderam aulas presenciais diante das manifestações, enquanto outras sugeriram a professores e alunos utilizarem meios digitais para não prejudicar o andamento do semestre.

Outra problemática da manifestação que corta o país envolve diretamente a intimidação de estudantes judeus, fato denunciado pelo presidente da Câmara, o deputado republicano Mike Johnson, na quarta-feira, em visita a estudantes de Columbia que dizem ter presenciado atos de antissemitismo.

Colocaram um alvo nas costas dos estudantes judeus nos Estados Unidos disse Johnson, ameaçando utilizar a Guarda Nacional, caso a situação não seja controlada.

Organizações estudantis que encampam as manifestações, porém, negam ter cunho antissemita, e dizem ser movidas por pensamentos de decoloniais e antissionistas fazendo uma distinção entre os conceitos, que cada vez mais alimentam debates sobre distinção entre ambos nos EUA. Também alegam que estudantes judeus fazem parte de alguns dos atos.

"Rejeitamos firmemente qualquer forma de ódio ou intolerância", escreveu a organização Estudantes da Columbia pela Justiça na Palestina, criticando "indivíduos inflamatórios que não nos representam". (Com NYT, AFP e Bloomberg)

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