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Panamá

Próximo governo do Panamá descarta muro em Darién para deter migração

O fechamento da floresta fronteiriça para os migrantes foi uma das principais promessas de campanha de Mulino

Bandeira do PanamáBandeira do Panamá - Foto: Pexels

O próximo governo do Panamá descarta construir um muro na selva de Darién, na fronteira com a Colômbia, para impedir a chegada de migrantes rumo aos Estados Unidos, mas irá deportá-los, afirmou nesta quinta-feira (16) o ministro da Segurança escolhido, Frank Ábrego.

"Não podemos dizer que vamos construir um muro de extremo a extremo do Caribe ao Pacífico. Não podemos fazer isso, é impossível", disse Ábrego durante a apresentação do gabinete ministerial do presidente eleito, José Raúl Mulino.

O fechamento da floresta fronteiriça para os migrantes foi uma das principais promessas de campanha de Mulino, que deve assumir o poder em 1º de julho.

"Se amanhã for declarado um fechamento de fronteira, estabeleceremos os pontos de controle onde poderemos deter ou reter esses imigrantes ilegais e proceder, como o presidente falou, com uma repatriação ou deportação", explicou Ábrego. Essas medidas vão reduzir "o volume de imigrantes através da fronteira" de Darién, acrescentou.

Ao ser proclamado presidente eleito, em 9 de maio, Mulino prometeu deportar os migrantes que entrarem no país através de Darién.

"Para acabar com a odisseia de Darién, que não tem razão de ser, iniciaremos, com ajuda internacional, um processo de repatriação com total respeito aos direitos humanos de todas as pessoas que estão lá", afirmou Mulino na época.

O Estreito de Darién, a fronteira entre Panamá e Colômbia, com 266 km de comprimento e 575.000 hectares de área florestal, tornou-se nos últimos anos um corredor para os migrantes que tentam chegar aos Estados Unidos a partir da América do Sul. Em 2023, mais de 520.000 pessoas cruzaram a selva, apesar dos seus perigos, como animais selvagens, rios caudalosos e grupos criminosos que atacam, estupram e matam os migrantes.

Mais de 150.000 pessoas já passaram neste ano por essa rota, a maioria venezuelanos, além de haitianos, equatorianos e colombianos. Também há asiáticos, principalmente chineses, e africanos.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) denunciou ontem que mais de 30.000 crianças cruzaram Darién nos primeiros quatro meses de 2024, um aumento de 40% em relação ao mesmo período do ano anterior. Desses menores, cerca de 2.000 chegaram ao Panamá sozinhos ou separados de suas famílias, três vezes mais do que nos primeiros quatro meses de 2023, segundo o Unicef.

A agência da ONU estima que, nesse ritmo, cerca de 800.000 pessoas, incluindo 160.000 crianças, podem atravessar a selva panamenha neste ano.

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