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JULGAMENTO DA COLISÃO NA TAMARINEIRA

Psiquiatra de defesa diz que João Victor Leal possui transtornos mentais graves

De acordo com o especialista, a avaliação ocorreu por meio de um parecer indireto, sem contato presencial com o réu

Hewdy Lobo RibeiroHewdy Lobo Ribeiro - Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

O segundo dia de julgamento de João Victor Ribeiro de Oliveira Leal retomou na tarde desta quarta-feira (16), no Recife, com o depoimento do médico psiquiatra forense Hewdy Lobo Ribeiro, testemunha arrolada pela defesa do réu, acusado de triplo homicídio doloso duplamente qualificado e de dupla tentativa de homicídio.

Durante os questionamentos feitos pela juíza Fernanda Meira Carvalho, que preside o júri popular que se realiza no Fórum Rodolfo Aureliano, o psiquiatra afirmou que, a partir da avaliação realizada, concluiu que o réu possui transtornos mentais

“Trata-se o senhor João Victor um indivíduo com adoecimentos mentais graves, como dependência de múltiplas drogas, transtornos ansiosos, transtornos de estresse pós-traumatico, transtorno depressivo, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade”, disse. 

“Doenças tão graves e progressivamente deteriorantes, progressivamente destrutivas, das funções mentais a ponto de impactar, do ponto de vista jurídico, de redução da capacidade de entendimento e abolição da capacidade de determinação ao tempo de fato ocorrido do qual trata-se de foco desta avaliação”, completou.

Acompanhe o julgamento ao vivo:

De acordo com o especialista, a avaliação ocorreu por meio de um parecer indireto, sem contato presencial com o réu, mas com análise documental e coleta de informações objetivas, incluindo contato telepresencial com quatro familiares de João Victor. 

O psiquiatra informou que teve acesso a documentos gerados por outros especialistas que analisaram João Victor presencialmente e que acredita no diagnóstico gerado por seus pares. “Eu tive contato telepresencial com quatro familiares de João Victor, que deram relatos que comprovam os diagnósticos presenciais. Eu estou avaliando papel, usando documento, utilizando a metodologia da avaliação documental”, explicou.

Segundo o médico, durante a coleta de informações com a família do réu, foram feitas questões objetivas que envolveram, por exemplo, a história de nascimento e crescimento de João Victor. “A família identificou e reconheceu o uso de drogas por volta dos 13 anos”, comentou.

Questionado pela defesa se é possível o réu assumir o risco do que estava fazendo, visto que ele não tinha consciência na hora, o médico afirmou que não. "Levando em consideração o uso do Rivotril, esta soma dessas duas substâncias (com o álcool) e, somado a isso, em um indivíduo já doente, as funções mentais dos freios [dos impulsos] já prejudicados pelo efeito do consumo de altas quantidades de drogas por longo tempo", disse.

Já no interrogatório da acusação, a promotora perguntou se, uma vez que João Victor tem tendência a mentir e delirar por causa da mitomania, era possível que a reação de terça-feira (15), quando o réu chorou e pediu perdão a Miguel Arruda, fosse mentira. O psiquiatra disse que sim e respondeu, na pergunta seguinte, as doenças que, de acordo com ele, o acusado tem. "Dependência de múltiplas drogas, depressão, transtorno de ansiedade, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e transtorno de estresse pós-traumático", enumerou.


Relembre o caso:
Em 26 de novembro de 2017, o então universitário João Victor Ribeiro, que tinha 25 anos na época, conduzia, alcoolizado, um Ford Fusion em alta velocidade e avançou o sinal vermelho no cruzamento da Rua Cônego Barata com a Avenida Conselheiro Rosa e Silva, no bairro da Tamarineira, atingindo um Toyota RAV4, onde estavam cinco pessoas.

A batida provocou a morte da funcionária pública Maria Emília Guimarães, de 39 anos; do filho dela, Miguel Neto, de 3 anos; e da babá Roseane Maria de Brito Souza, de 23 anos, que estava grávida.

O marido de Maria Emília, o advogado Miguel Arruda da Motta Silveira Filho, que estava ao volante do Toyota, e a filha Marcela Guimarães, na época com 5 anos, ficaram gravemente feridos, mas sobreviveram. 

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