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Rússia

Putin adia possível anúncio de candidatura à reeleição para o fim do ano

Líder russo, cujos quatro mandatos somados já passam dos 19 anos no poder, afirmou que conversas sobre novo período no Kremlin será conversado após Parlamento detalhar a organização do pleito

O presidente Vladimir Putin, líder mais longevo da Rússia desde Josef Stálin O presidente Vladimir Putin, líder mais longevo da Rússia desde Josef Stálin  - Foto: Mikhail Metzel/AFP

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou que não vai se manifestar sobre uma eventual candidatura sua reeleição em 2024 até o fim deste ano. Líder mais longevo do país desde a queda do Muro de Berlim — e superado apenas por Josef Stálin, considerando o período soviético — Putin promoveu mudanças na lei russa nos últimos anos, o que o permitiria se manter no poder até 2036.

— De acordo com a lei, o Parlamento deve tomar uma decisão no final do ano. Nessa altura será decidido, as eleições serão anunciadas, a data será definida e será debatida — disse Putin, durante um fórum econômico em Vladivostok, no Extremo Oriente da Rússia, nesta terça-feira.

Há anos, analistas apontam uma erosão democrática na Rússia, com perseguição aberta aos principais líderes da oposição, sejam membros de partidos políticos ou representantes da sociedade civil. Putin conseguiu firmar seu partido, o Rússia Unida, como uma força hegemônica, para muitos imbatível nas contestadas eleições realizadas pelo Kremlin.

O último obstáculo regimental no horizonte entre Putin e a perpetuação do poder foi removida em 2020, quando uma alteração constitucional patrocinada por ele e seus aliados derrubou os limites de mandato a partir da data da aprovação, autorizando o ex-agente da KGB, hoje com 70 anos, a concorrer por mais dois mandatos de seis anos, até 2036. Ele acabaria o último mandato com 84 anos.

O debate sobre uma sucessão imediata para Putin é escasso até aqui. Após seus dois primeiros mandatos, entre 2000 e 2008, Putin deixou a Presidência e virou primeiro-ministro, dando lugar a um de seus principais aliados, Dmitri Medvedev. Quatro anos depois, voltou a ocupar a Presidência, e Medvedev permaneceu como um de seus homens mais próximos.

No campo da oposição, alguns dos nomes mais conhecidos internacionalmente estão presos, como o ativista Alexey Navalny. Quem anunciou pretensões de concorrer em 2024 foi o blogueiro militar nacionalista Igor Girkin, mais conhecido pelo apelido Strelkov.

Em publicações recentes no seu canal de Telegram, que reúne mais de 700 mil pessoas, ele afirmou que seria candidato à Presidência e criticou longamente Putin, usando de ironia ao chamá-lo de "gentil", "altamente moral" e "ingênuo" para apontar suas falhas. Como está preso, Strelkov provavelmente será impedido de concorrer.

Na segunda-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, assegurou que o essencial para Putin decidir se concorrerá mais uma vez à Presidência é "saber se pode fazer algo mais para melhorar a vida das pessoas".

— Ele mostrou que as suas ideias encontram apoio na sociedade, entre as forças políticas e nas regiões — disse ele ao falar sobre as intenções eleitorais do chefe do Kremlin.

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