Putin classifica Venezuela como 'sócio confiável' em reunião com Maduro à margem do Brics
Presença do presidente venezuelano em Kazan surpreendeu delegação brasileira, em meio a atritos entre Caracas e Brasília
Em um encontro à margem da cúpula do Brics entre os dois dos países mais sancionados pelo Ocidente na última década, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou ao líder chavista Nicolás Maduro que a Venezuela é um "sócio confiável" de Moscou.
A presença de Maduro em Kazan pegou de surpresa os representantes do Planalto que acompanham a cúpula, em meio à crise entre Caracas e Brasília.
— A Venezuela é um velho e confiável sócio da Rússia na América Latina e no mundo em geral, e a cooperação mutuamente benéfica está se desenvolvendo em todas as áreas — disse Putin a Maduro durante à reunião, na qual também se referiu a projetos conjuntos entre Caracas e Moscou como "algo muito bom".
Fontes em Caracas confirmaram que Maduro não pretendia comparecer ao encontro do Brics até poucos dias, como mostrou O Globo. A mudança de planos poderia estar relacionada às dificuldades para que a Venezuela seja aceita pelo Brics, sobretudo a resistência pública expressada pelo Brasil por meio do assessor internacional da Presidência, Celso Amorim.
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Em sua primeira viagem oficial ao estrangeiro desde que foi apontado como candidato reeleito nas eleições de 28 de julho — cujo resultado foi contestado pela oposição e por parte da comunidade internacional —, Maduro afirmou que o país estava pronto para ampliar os laços com a Rússia e com o bloco, ao qual já demostrou interesse em aderir.
— Estamos progredindo em muitas questões. A Venezuela conseguiu recuperar a sua economia com os seus próprios esforços (...), toda a nossa delegação está preparada para avançarmos nas questões de cooperação bilateral — disse Maduro, sem entrar em detalhes.
Apesar do interesse venezuelano, a inclusão de Caracas ao bloco não é encarada com otimismo neste momento. Fontes consultadas pelo blog da jornalista Bela Megale apontaram que estão sendo considerados convites a Cuba e Bolívia, na América Latina, além de Bielorrússia, Indonésia, Cazaquistão, Malásia, Nigéria, Tailândia, Turquia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã.