Putin diz estar disposto a negociar com Ucrânia, mas não com Zelensky
Declaração foi dada um dia depois de telefonema com Lula em que já acenou para uma possível trégua
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta terça-feira (28) que seu país está disposto a negociar um fim do conflito na Ucrânia, mas rejeitou a possibilidade de realizar conversas diretas com Volodymyr Zelensky e afirmou que não enxerga nenhuma iniciativa de Kiev.
— A Rússia está aberta a manter negociações, mas não vê nenhuma vontade por parte da Ucrânia — disse o mandatário em uma entrevista à televisão estatal, rejeitando, por enquanto, qualquer tipo de conversa com seu homólogo ucraniano, considerado "ilegítimo" pelo líder russo.
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Conversa com Lula
O aceno de Putin a uma possível trégua no conflito com os ucranianos reforça um posicionamento que manifestou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta segunda-feira em um telefonema. Os líderes conversaram sobre a guerra, e Putin agradeceu a contribuição do Brasil para a busca de uma solução pacífico.
Além disso, ele demonstrou "interesse pelos trabalhos do Grupo de Amigos da Paz, lançado pelo Brasil e pela China na ONU em setembro passado", informou a Presidência. Lula e Putin acordaram seguir em contato permanente sobre esse tema.
O presidente russo sugeriu, ainda, a retomada da Comissão Bilateral de Alto Nível entre os dois países e expressou apoio à presidência brasileira do BRICS.
Durante a ligação, Lula foi convidado pelo seu contraparte russo a um evento em Moscou em 9 de maio, e indicou intenção de ir à cerimônia, que comemora 80 anos da vitória na Segunda Guerra Mundial.
Na conversa que tiveram, Lula também expressou sua preocupação com o cenário internacional e reafirmou o compromisso do Brasil com a promoção da paz. A fala acontece em meio às mudanças anunciadas na política migratória dos Estados Unidos após a posse de Donald Trump.