Putin elogia ação do Exército na Ucrânia; EUA anuncia novas sanções
Elogio foi feito nesta sexta-feira (23), dia em que a Rússia celebra o "Dia dos Defensores da Pátria"
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, elogiou nesta sexta-feira (23) o trabalho dos "heróis" que combatem na Ucrânia e o rearmamento de sua nação, por ocasião do dia dedicado às Forças Armadas, na véspera do segundo aniversário do início da ofensiva no país vizinho.
No dia 23 de fevereiro, a Rússia celebra o "Dia dos Defensores da Pátria", que este ano coincide com várias conquistas militares das forças russas na Ucrânia.
Em um vídeo transmitido nesta sexta-feira, Putin, em tom solene, prestou homenagem aos "participantes da operação especial" na Ucrânia que, segundo ele, "lutam pela verdade e pela justiça" ao "defender a Rússia".
"Vocês são os autênticos heróis do nosso povo", declarou o líder russo, que, como todos os anos, visitou o túmulo do soldado desconhecido, ao pé da muralha do Kremlin.
Ao mesmo tempo, o governo dos Estados Unidos anunciou novas sanções nesta sexta-feira contra a Rússia, apesar de as múltiplas restrições aplicadas nos últimos dois anos não terem provocado o fim da operação militar de Moscou.
"Se Putin não pagar o preço pela morte e destruição que causa, isso continuará", alertou o presidente americano, Joe Biden, em um comunicado.
Biden anunciou um arsenal de medidas contra indivíduos ligados à prisão do opositor Alexei Navalny, que morreu em 16 de fevereiro; à máquina de guerra russa; ao sistema de pagamentos russo Mir e contra uma centena de entidades que ajudam Moscou a contornar as sanções.
Rearmamento
Do outro lado, o Exército ucraniano, enfraquecido com o bloqueio da ajuda americana, o fracasso de sua contraofensiva no ano passado e a escassez de munições cada vez mais acentuada, enfrenta uma situação "extremamente difícil", segundo o presidente Volodimir Zelensky.
Na semana passada, as tropas de Kiev foram obrigadas a recuar e ceder a cidade de Avdiivka, no front leste, que foi ocupada pelos soldados russos.
Zelensky fez um apelo ao Congresso dos Estados Unidos para que aprove outro pacote de ajuda para seu país, em uma entrevista exibida na quinta-feira pelo canal Fox News, a emissora favorita dos republicanos. O partido do ex-presidente Donald Trump bloqueia atualmente um auxílio de 60 bilhões de dólares (296 bilhões de reais) para a Ucrânia.
Leia também
• EUA e UE preparam novas sanções contra Rússia, por guerra da Ucrânia e morte de Navalny
• Doze mil quilômetros sem escalas: como é o novo bombardeiro supersônico da Rússia pilotado por Putin
• Rússia anuncia novas conquistas territoriais na Ucrânia após dois anos de ofensiva
Nos últimos dias, Putin fez vários gestos de apoio ao Exército: ele condecorou militares e voou em um caça estratégico, com o país concentrado no esforço bélico, que provocou um aumento expressivo da produção de equipamento militar e o recrutamento de centenas de milhares de soldados.
Nesta sexta-feira, destacou as entregas de mísseis, drones, blindados, artilharia e elementos de defesa antiaérea. "Com a nossa experiência de combate atual, continuaremos reforçando as Forças Armadas", disse.
Segundo fontes americanas, a Rússia teria registrado até 120.000 baixas na Ucrânia, mas recrutou cerca de meio milhão de efetivos em 2023 e quase 53.000 em janeiro deste ano, de acordo com dados oficiais.
A três semanas das eleições presidenciais, que acontecerão nos dias 15, 16 e 17 de março, Putin aborda o segundo aniversário do início da ofensiva de uma posição favorável, depois que o primeiro ano foi marcado pelo fracasso da ofensiva contra Kiev e por várias retiradas humilhantes de soldados russos.
A recente conquista de Avdiivka representa a oportunidade de apresentar-se como vencedor.
Mariinka, "ponto quente" do front
Nesta sexta-feira, os líderes ocidentais chegaram à Ucrânia com o objetivo de reafirmar o seu apoio político a Kiev.
A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, chegou a Lviv, no oeste do país, assim como o senador americano Chuck Schumer.
A diplomacia russa anunciou que ampliou a sua lista de funcionários da UE que foram proibidos de entrar na Rússia, em resposta às novas sanções europeias, que visam especialmente três empresas chinesas que forneceram armas ao Exército russo.
Enquanto isso, os bombardeios na Ucrânia não dão trégua. O Estado-Maior do país informou que durante a noite foram registrados ataques com drones e mísseis russos.
Um bombardeio noturno matou três pessoas em Odessa, sul da Ucrânia, segundo a polícia.
Além disso, o Exército russo realizou uma centena de ataques nas últimas 24 horas no leste da Ucrânia, quase metade deles em torno de Mariinka, que se tornou um novo "ponto quente" do front, juntamente com a área de Avdiivka, indicou o Exército ucraniano nesta sexta-feira.
No front, os soldados, esgotados, enfrentam a falta de munições de artilharia, consequência dos atrasos na ajuda europeia e das dúvidas sobre o auxílio de Washington.
"Não temos as armas que eles têm. Você sabe, eles têm fábricas que produzem (armas). E nós? Nós tempos que implorar por armas", disse Oleksii, um soldado, perto de Avdiivka.