Sob críticas da Otan, Putin desembarca na Coreia do Norte
Presidente russo volta a Pyongyang 24 anos depois, e deve assinar um acordo de cooperação que incluirá questões de segurança e cooperação aeroespacial
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, chegou na tarde desta terça-feira (madrugada de quarta-feira pelo horário local) a Pyongyang, em uma viagem ventilada desde antes da reeleição do líder russo, em março, mas confirmada apenas um dia antes do embarque.
A visita sela uma aliança que se intensificou com o início da guerra na Ucrânia, e que pode ser ampliada através da assinatura de um acordo de cooperação bilateral, e que é alvo de críticas ocidentais.
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Dentro da extensa agenda do presidente russo na cidade, estão previstas homenagens, uma recepção de Estado e um recital de música clássica — contudo, o foco estará no acordo cujos termos ainda não estão claros, mas que, segundo analistas, deve trazer menções à cooperação no setor aeroespacial, armamentista, de saúde e tecnologia.
Na véspera da chegada, Putin assinou um decreto dando plenos poderes a seu Gabinete ministerial para terminar de negociar os termos do texto.
Relação internacional
Sob pesadas sanções, e de posse de arsenais nucleares (e dos meios para usá-los), Rússia e Coreia do Norte mantiveram relações mornas desde a última visita de Putin ao país, em 2000, e das visitas dos líderes norte-coreanos Kim Jong-il e Kim Jong-un à Rússia.
Mas a guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, marcada pelo intenso uso de armamento de combate direto, como munições de artilharia e foguetes de curto alcance, fez com que o Kremlin olhasse com mais atenção para o antigo aliado e para os arsenais armazenados ao longo de décadas de animosidade com o Sul.
Para o Ocidente, em especial a Otan, a aliança militar liderada pelos EUA e que serve de principal linha de apoio a Kiev, essa parceria desperta muitas preocupações.
A começar pelo fornecimento de armas norte-coreanas a Moscou, que violaria as sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU, além de medidas unilaterais de Washington e aliados — segundo informações de inteligência, as armas são transportadas através da remota fronteira russo-norte-coreana, e seguem para o front de trem, em um caminho de mais de 10 mil km.
— A visita do presidente russo, Vladimir Putin, à Coreia do Norte confirma os laços estreitos entre estes países, bem como [os seus laços] com a China e o Irã. Também demonstra que a segurança da Otan não é regional, é global — disse o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, durante conversa com jornalistas em Washington. — O que acontece na Europa é importante para a Ásia, e o que acontece na Ásia é importante para a Europa. Não podemos mais dividir a segurança em teatros regionais, tudo está interligado.