Conflito na Ucrânia

Putin promete 'vitória' na Ucrânia após formalizar a anexação de quatro regiões

Anúncio foi feito durante cerimônia de formalização das anexações

Presidente russo, Vladimir PutinPresidente russo, Vladimir Putin - Foto: Sergei Karpukhin / SPUTNIK / AFP

O presidente russo, Vladimir Putin, assinou, nesta sexta-feira (30), no Kremlin a anexação de quatro regiões da Ucrânia controladas pelo seu exército e prometeu aos russos a "vitória" após sete meses de ofensiva militar no país.

A cerimônia de formalização das anexações, que marca um ponto de virada no conflito e na história recente pós-soviética, ocorreu horas depois de pelo menos 30 pessoas terem sido mortas em um bombardeio na região sul da Ucrânia de Zaporizhzhia em um dos piores ataques contra civis em meses. 

Esta tarde, Putin pareceu desafiador durante um discurso para a elite política russa, alertando que a anexação era irreversível e instando os militares ucranianos a deporem suas armas e negociarem.

"Digo isso ao regime de Kiev e seus mestres no Ocidente: os habitantes de Lugansk e Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia se tornaram nossos cidadãos para sempre", disse Putin. 

"Pedimos ao regime de Kiev que pare imediatamente os disparos, todas as hostilidades e retorne à mesa de negociações", acrescentou Putin.

Em um salão lotado, as autoridades reunidas no Kremlin gritaram "Rússia! Rússia!" em uníssono depois que os quatro líderes regionais ratificaram o pacto.

Neste contexto, os Estados Unidos anunciaram mais sanções contra autoridades russas e a indústria de defesa do país, dizendo que os aliados do G7 concordaram em sancionar qualquer Estado que apoie as anexações.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou que a Ucrânia assinará um pedido de adesão acelerada à Otan, em um vídeo postado nas redes sociais.

Nada a falar com Putin
Minutos após a Rússia formalizar a anexação, o presidente ucraniano garantiu que seu país "não negociará" enquanto "Putin for presidente".

O presidente dos EUA, Joe Biden, condenou a declaração "fraudulenta" da Rússia e prometeu continuar apoiando as forças ucranianas.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, também condenou a anexação, chamando-a de "ilegal e ilegítima", mas alertou que a adesão da Ucrânia à aliança militar exige o consenso dos países-membros.

Nos últimos dias, Putin já havia alertado que poderia usar armas nucleares para manter o controle sobre esses territórios, enquanto o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse que Kiev "continuará a libertar nossa terra e nosso povo". 

Nesta sexta-feira, horas antes da cerimônia, pelo menos 30 pessoas foram mortas em um ataque a uma coluna de carros civis em Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia, informaram as autoridades ucranianas. 

"30 mortos e 88 feridos após outro crime de guerra russo em Zaporizhzhia", escreveu no Facebook o chefe da Polícia ucraniana, Igor Klimenko.

Vários corpos, vestidos com roupas civis, jaziam na estrada após o ataque, observou um fotógrafo da AFP, entre os carros destruídos. 

Viktor, um homem de 56 anos, disse que conseguiu sobreviver porque saiu para comprar um café. 

"A garçonete me deu. E houve um 'bang'. Ela se assustou e deixou cair o café. Poucos minutos depois, houve outra explosão. Ela caiu o chão", explicou. "Eu consegui me esconder. Ela não".

Mas o chefe regional pró-Rússia, Vladimir Rogov, culpou as tropas ucranianas pelo ataque, chamando-o de "ato terrorista".

"Bem-vindos ao lar!"
Em Moscou, pelo menos 10.000 pessoas se reuniram no centro da cidade para celebrar a anexação. 

Cartazes foram instalados na Praça Vermelha com os dizeres "Donetsk. Lugansk. Zaporizhzhia. Kherson. Rússia!", notaram os jornalistas da AFP. 

Dirigindo-se à multidão de um palco na Praça Vermelha, Putin gritou: "A vitória será nossa!"

"A Rússia não apenas abre as portas de sua casa para essas pessoas, como abre seu coração. Bem-vindos ao lar!", declarou, em discurso transmitido pela televisão. 

Os quatro territórios formam um corredor crucial entre a Rússia e a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014. 

Ainda assim, o Kremlin disse que "precisava esclarecer" as fronteiras exatas de Kherson e Zaporizhzhia. Moscou não controla totalmente nenhum desses territórios. 

Juntas, as cinco regiões, incluindo a Crimeia, representam cerca de 20% do território da Ucrânia, cujas forças registraram várias vitórias nas últimas semanas como parte de uma contraofensiva. 

Em Kherson, um alto funcionário da ocupação russa foi morto durante a noite em um bombardeio ucraniano à sua casa, com a ajuda de sistemas de lançamento de mísseis HIMARS fornecidos pelos EUA, anunciaram as autoridades locais. 

Os líderes pró-russos das quatro regiões pediram formalmente a anexação dos territórios depois de realizarem referendos que tanto Kiev quanto os ocidentais classificaram de "farsa". 

Nesta sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU deverá se pronunciar sobre uma resolução condenando esses referendos que, no entanto, não prosperará devido ao poder de veto da Rússia neste órgão.

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