Logo Folha de Pernambuco

PROCEDIMENTOS

Qual a diferença entre eutanásia e morte assistida? E como são as regras na Suíça?

O poeta e filósofo Antonio Cicero, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), morreu após passar por um procedimento de suicídio assistido no país

No Brasil, não são permitidas as práticas de eutanásia e de morte assistidaNo Brasil, não são permitidas as práticas de eutanásia e de morte assistida - Foto: Freepik

O poeta e filósofo Antonio Cicero, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), morreu, nesta quarta-feira (23), aos 79 anos, após passar por um procedimento de morte assistido na Suíça, onde estava ao lado do marido, o figurinista Marcelo Pies.

O imortal foi diagnosticado com Alzheimer nos últimos anos e lidava com problemas neurológicos decorrentes da doença.

Em comunicado a pessoas próximas, Pies relata que o poeta vinha planejando a morte assistida há um tempo e mandando documentos, mas "insistiu muito que ninguém soubesse".
 

Qual a diferença de eutanásia para suicídio assistido?
Tanto a eutanásia, como a morte assistida, são práticas que envolvem o ato voluntário de morrer sem dor e com assistência médica.

Ambas as medidas são regidas por diversas regras, que são diferentes em cada país onde são permitidas. No Brasil, ambas as alternativas são proibidas e consideradas crime.

Essencialmente, o que distingue a eutanásia da morte assistida é a pessoa que administra a droga letal. No caso da eutanásia, o médico prescreve, mas é também quem aplica a substância que induz o paciente à morte.

Já na da morte assistida, o médico faz a prescrição, porém apenas o próprio paciente pode autoadministrar a droga.

Quais as regras na Suíça?
Embora o termo eutanásia seja utilizado de forma mais ampla, a lei suíça, na realidade, permite apenas a morte  assistida, ou seja, em que o próprio paciente administra a substância letal. O país é muito conhecido por ter sido o primeiro a permitir a prática, ainda em 1942, e por ter uma das legislações mais liberais sobre o assunto.

O artigo 115 do Código Penal da Suíça estabelece que “qualquer pessoa que, por motivos egoístas, incitar ou ajudar outra pessoa a cometer ou tentar cometer suicídio (...) estará sujeita a uma pena privativa de liberdade não superior a cinco anos ou a uma penalidade monetária”.

Na prática, o texto passou a permitir auxiliar o suicídio, desde que os motivos não sejam considerados egoístas. A regra permite até mesmo que estrangeiros passem pela morte assistida, o que atrai diversas pessoas todo ano ao país em busca do procedimento, como é o caso de Carolina.

Com o tempo, a Academia Suíça de Ciências Médicas estabeleceu critérios éticos para orientar a prática, como que a pessoa deve ser adulta, ter plenos poderes de julgamento, ser capaz de autoadministrar a dose letal e ter um quadro de “sofrimento insuportável” -- o que, pela falta de especificidade, pode ser tanto por uma doença terminal, como por uma depressão, por exemplo.

Na prática, os critérios e a permissão para o procedimento depende da organização que está prestando o serviço, como a Dignitas, Pegasos e outras que surgiram no país para auxiliar pacientes, e do médico que vai prescrever a substância. Geralmente, é feita uma longa análise de laudos médicos, consultas e outros documentos.

Permissão em aproximadamente dez países
Segundo um levantamento da Associação Médica Britânica (BMA), cerca de dez outros países permitem de alguma forma a eutanásia ou a morte assistida, além de alguns estados dos Estados Unidos e da Austrália. A maior parte está na Europa.

Na Espanha, Holanda, Luxemburgo, Bélgica, Canadá e na Nova Zelândia, as duas práticas podem ser feitas. Na Áustria, assim como na Suíça, apenas a morte assistida é permitido. Na Colômbia, Itália e na Alemanha, não há uma legislação permitindo, porém a Justiça entendeu em decisões recentes que o médico não pode ser punido por auxiliar um paciente no suicídio em casos específicos.

Veja também

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos
Ucrânia

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível
Gaza

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível

Newsletter