PATRIMÔNIO

Qual é a fortuna de O.J. Simpson? Herança deve parar na Justiça para indenizar assassinatos

Absolvido pelo júri, astro foi condenado a pagar R$ 170 milhões a famílias de Nicole Brown Simpson e Ron Goldman

OJ Simpson morre aos 76 anosOJ Simpson morre aos 76 anos - Foto: AL DIAZ / POOL / AFP

O.J. Simpson, que morreu aos 76 anos na última quarta-feira (10), será lembrado como o astro do futebol americano que foi julgado e absolvido pelo assassinato de sua ex-mulher. A morte violenta de sua ex-mulher Nicole Brown Simpson e de um amigo, Ron Goldman, levou Orenthal James Simpson do esporte o Olimpo dpara o banco dos réus em 1994, no chamado "julgamento do século".

O júri o considerou inocente, embora mais tarde ele tenha sido considerado culpado em um tribunal civil e condenado a pagar US$ 33,5 milhões (equivalente a R$ 170 milhões, na cotação atual) em indenizações, uma conta que ele nunca acertou. Com a morte do astro, cresceu a especulação sobre o destino dos bens deixados por ele — e se, enfim, as famílias de Nicole e Goldman, terão acesso à reparação financeira. Isso, se ainda restar algo de valor a se partilhar. O caso pode ir parar nos tribunais, de acordo com a mídia americana.

A revista Fortune detalha que, tenha O.J. deixado ou não um testamento, os bens do astro terão "quase que certamente" de passar por um processo de inventário na Justiça. Em geral, as regras que regem o procedimento são as vigentes no estado em que a pessoa morreu — neste caso, Nevada, onde fica Los Angeles. Mas, se parte significativa da fortuna estiver na Califórnia ou na Flórida, onde O.J. morou, processos separados podem ser abertos.

A legislação de Nevada, em todo caso, determina que sejam levados à apreciação judicial legados cujos ativos ultrapassem US$ 20 mil (R$ 101 mil). O prazo para abrir o processo é de 30 dias. Caso os herdeiros do astro não o façam, credores, como os parentes de Nicole e Goldman, podem acionar a Justiça. Com o processo iniciado, os credores podem solicitar parte da herança como indenização.

Advogados ouvidos pela Fortuna apontam que esta costuma ser uma maneira rápida de receber reparações do tipo, mas que o mistério sobre o que restou de patrimônio de O.J. pode atrasar o procedimento. Além disso, eventuais transferências para terceiros e fundos de investimento que tenham sido feitos para driblar credores podem ser objeto de processos civis separados.

O ex-atleta acabou detido em Las Vegas em 2007 por outro caso, um sequestro e assalto à mão armada a dois colecionadores de objetos esportivos. Condenado a 33 anos de reclusão, ele passou 9 na prisão e saiu em liberdade condicional em 2017.

Que fortuna deixou O.J. Simpson?
Do auge à ruína do império, que fortuna deixa O.J.? Não há detalhes sobre o que sobrou do patrimônio milionário do ex-atleta que, após se aposentar, migrou para o mundo do entretenimento, ainda mais depois do julgamento por assassinato e da prisão por roubo. No entanto, reportagens publicadas ao longo de sua carreira dão pistas sobre a riqueza do americano.

Em 1989, O.J. Simpson disse ao jornal Los Angeles Times que fez mais dinheiro com publicidade do que com o futebol americano. Os contratos se extinguiram após a acusação de duplo homicídio, mas, antes disso, ele era o rosto da locadora de carros Hertz e de outras marcas gigantes.

Em 1968, quando foi contratado pelos Bills, O.J. negociou o então maior salário da NFL, a liga de futebol americano: por ano, receberia US$ 680 mil (US$ 6,2 milhões, ajustados pela inflação, segundo a Fortune). Na década de 1970, os números com publicidade superaram esta marca.

A Forbes recuperou reportagem da Sports Illustrated de 1970 segundo a qual O.J. assinou seu primeiro contrato do tipo com a General Motors. Ele recebeu US$ 250 mil (R$ 2 milhões, em valores atualizados para 2024, equivalente a R$ 10 milhões) para aparecer em comerciais da Chevrolet. Em 1974, veio o contrato com a Hertz. O.J. disse ao jornal New York Times que a locadora lhe pagou "entre US$ 100 mil e US$ 250 mil" logo após o acordo ser assinado, em valores da época.

O astro também foi rosto do suco de laranja TreeSweet (ele tinha o apelido "Juice" — suco, na tradução literal para o português). O contrato de cinco anos rendeu a ele mais de US$ 1 milhão, além de porcentagem nas vendas, apontou o NYT. O.J. assinou contratos com outras marcas, como Napa Naturals, lâminas de barbear Schick e Wilson Athletic Gear (fabricante oficial de bolas da NFL), e ganhou dinheiro como palestrante.

Em 1992, quando se divorciou de Nicole Brown, O.J. tinha patrimônio líquido de US$ 10 milhões e ganhava cerca de US$ 1 milhão por ano, de acordo com o pedido de separação obtido pelo jornal Washington Post. Com a acusação de assassinato e o julgamento, o império entrou em decadência. Em 2007, ele concordou em assinar o livro "If I Did It" — sobre o assassinato da ex-mulher e o amigo dela — depois de um pagamento de US$ 600 mil, disse o Huffington Post.

Após a acusação criminal, Simpson disse que vivia apenas dos seus frutos da NFL e de pensões privadas. Uma conta feita pela rede ESPN em 2017 aponta que, mesmo durante os nove anos de prisão por assalto à mão armada, O.J. pode ter somado mais US$ 600 mil em pensões pagas pela liga de futebol americanos a ex-jogadores.

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