Quase 500 imigrantes irregulares foram detidos nas primeiras 33 horas de Trump no poder
Mobilização ocorre enquanto se aguarda a promulgação da Lei Laken Riley, aprovada na quarta-feira
O Serviço de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês) dos Estados Unidos deteve quase 500 imigrantes ilegais em todo o país durante as primeiras horas do mandato do presidente Donald Trump, informou a imprensa internacional, citando a agência nesta quinta-feira.
Foram aproximadamente 460 prisões em um período de 33 horas, incluindo pessoas com históricos criminais como agressão sexual, roubo, violência doméstica e outros delitos.
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A mobilização ocorre enquanto se aguarda a promulgação da Lei Laken Riley, aprovada na quarta-feira, que determina a prisão e deportação de imigrantes irregulares acusados de determinados crimes.
Em uma entrevista ao canal de notícias conservador Newsmax na manhã desta quinta-feira, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que os agentes da ICE "imediatamente começaram a trabalhar para deportar criminosos violentos e ilegais do nosso país".
Ela acrescentou que os que já foram detidos "serão mandados para casa", e que "esses voos já estão em andamento esta manhã", sem fornecer mais detalhes.
Entre os detidos, a rede conservadora Fox News citou cidadãos de vários países, incluindo Brasil, Afeganistão, Angola, Bolívia, Colômbia, República Dominicana, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Senegal e Venezuela.
Lei Laken Riley
Na quarta-feira, a Câmara deu aprovação final ao projeto de lei que exigiria a detenção e a deportação de imigrantes que entrassem no país sem autorização e fossem acusados de certos crimes. O resultado foi 263 votos a favor e 156 contra, com o apoio de 46 democratas.
É quase certo que o projeto de lei seja rapidamente assinado por Trump — espera-se que o faça nesta quinta-feira —, que na segunda-feira iniciou seu segundo mandato emitindo uma série de ordens executivas que deram início à sua repressão à imigração ilegal nos Estados Unidos.
A medida, intitulada Laken Riley Act, leva o nome de uma estudante de enfermagem de 22 anos da Geórgia que foi morta no ano passado por um migrante da Venezuela que cruzou ilegalmente para os Estados Unidos, e cuja história foi combustível na campanha de Trump.
José Antonio Ibarra, 26, estava em situação irregular e era procurado por praticar furto em lojas. Ibarra foi condenado à prisão perpétua.
O projeto de lei, no entanto, enfrenta obstáculos, já que autoridades federais alertaram sobre a falta de recursos para sua implementação.
O combate à imigração ilegal é a prioridade máxima de Trump, que, pouco após tomar posse na segunda-feira, assinou uma série de decretos, muitos deles destinados a bloquear a entrada ou facilitar a deportação de migrantes em situação irregular.
Congressistas democratas criticaram o custo exorbitante da lei aprovada na quarta-feira, estimando um gasto de US$ 83 bilhões (R$ 495 bilhões) nos primeiros três anos. "É muito dinheiro para gastar em uma lei que levará ao caos", opinou a senadora democrata Patty Murray na rede social X.
Para a congressista democrata progressista Alexandria Ocasio-Cortez, a lei é um "declive perigoso" que comprometerá ainda mais o Estado de Direito.
— Em alguns meses, haverá congressistas que votaram a favor desta lei e fingirão que não sabiam todas as coisas ruins que vão acontecer por causa dela — afirmou durante o debate na Câmara.
Algumas associações também se opõem à legislação. "Essa lei não garantirá nem melhorará a segurança pública e, combinada com as políticas de aplicação míopes e caóticas do presidente, não oferece nenhuma solução política substancial com efeitos positivos mensuráveis", declarou Kelli Stump, presidente da Associação de Advogados de Imigração Americana (Aila), em comunicado.