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MUNDO

Quatro detidos por vídeo de mulheres nuas na Índia podem enfrentar pena de morte

Suspeitos foram identificados a partir de um vídeo, que viralizou, causando indignação em todo o país

Membros do Congresso Assam Pradesh Mahila (Assam PMC) participam de uma manifestação contra a violência étnica em andamento no estado de Manipur, no nordeste da Índia Membros do Congresso Assam Pradesh Mahila (Assam PMC) participam de uma manifestação contra a violência étnica em andamento no estado de Manipur, no nordeste da Índia  - Foto: AFP

A polícia indiana prendeu quatro homens acusados de obrigar duas mulheres nuas a desfilar à frente de uma multidão em Manipur, no estado do nordeste da Índia. Os suspeitos foram identificados a partir de um vídeo, que viralizou nesta quarta-feira causando indignação em todo o país.

"Quatro principais acusados presos no caso do vídeo viral", escreveu a polícia em Manipur no Twitter na quinta-feira. O caso ocorreu no início de maio.

Nas imagens, as mulheres andam nuas numa rua e são assediadas por uma multidão de homens que as empurram para um campo vazio. O governo do estado de Manipur, liderado pelo partido nacionalista hindu Bharatiya Janata (BJP), disse que a polícia entrou em ação quando o vídeo apareceu nas redes sociais mais de dois meses após o incidente.

Uma "investigação completa" está em andamento, escreveu o ministro-chefe do estado, N. Biren Singh. "Garantiremos que ações rigorosas sejam tomadas contra todos os perpetradores, inclusive considerando a possibilidade de pena de morte".

As atrocidades foram cometidas em uma aldeia no distrito de Kangpokpi, em Manipur, na divisa com Mianmar, contra mulheres da comunidade kuki-zo, de acordo com Fórum de Líderes Tribais da Índia (ITLF), que acrescentou: "O estupro coletivo das mulheres aconteceu depois que a vila foi incendiada e dois homens, um de meia-idade e outro adolescente, foram espancados até a morte pela multidão".
 

O governo nacionalista hindu do Bharatiya Janata (BJP) pediu a todas as empresas de mídia social que excluíssem o material de suas plataformas.

O ataque foi condenado por políticos, com vários líderes da oposição responsabilizando o governo do BJP por não fazer o suficiente para conter a violência no estado.

— As imagens de violência sexual contra mulheres de Manipur são de partir o coração — disse Priyanka Gandhi Vadhra, líder do Partido do Congresso Nacional.

Hindus versus cristãos
A violência em Manipur, motivada por uma disputa pelo acesso a empregos públicos e outras regalias, resultou também em ao menos 1.700 casas e igrejas incendiadas, com dezenas de milhares de pessoas fugindo para acampamentos administrados pelo governo.

Os confrontos entre gangues vigilantes de comunidades rivais colocaram a maioria meitei, que é principalmente hindu e vive em Imphal e arredores, contra os kuki, majoritariamente cristãos e habitantes das colinas circundantes.

A comunidade kuki protestou contra as demandas dos meitei por cotas reservadas de empregos públicos e admissões em faculdades como forma de ação afirmativa. Isso também alimentou temores de longa data entre os kuki de que os meitei pudessem adquirir terras em áreas atualmente reservadas para eles e outros grupos tribais.

As mulheres kuki mostradas no vídeo disseram ao site de notícias The Wire que a polícia estava presente no momento e não as ajudou.

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