Queda em vacinação pode provocar novos surtos de doenças
Estado não alcançou a meta entre crianças com idade de até um ano, o que preocupa especialistas
Neste ano, Pernambuco ainda não atingiu a meta para nenhuma vacina para crianças de até um ano de idade. Em 2019, o Estado alcançou os índices desejados de apenas duas vacinas das oito disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) para esta faixa etária. Fenômeno preocupa especialistas, que alertam para o iminente perigo de novos surtos de doenças que estavam erradicadas no Brasil, como sarampo e difteria, caso a busca por imunização continue caindo. A pandemia da Covid-19 tem sido um dos motivos para esta baixa.
No Recife, a situação também é preocupante. Até agora apenas uma das vacinas atingiu a meta. Para a diretora da Atenção Básica à Saúde do Recife, Ana Sofia Costa, vários fatores contribuem para o problema. "Um deles são as fake news que propagam informações sem base científica, mas as pessoas acabam acreditando. Outra razão é que o Brasil tem um programa de imunização robusto e alcançou uma alta cobertura. Assim, muitas pessoas não viram epidemias de doenças como coqueluche e têm a falsa segurança de que não precisamos mais vacinar".
Ou seja, é comum pessoas mais jovens não saberem por exemplo que a difteria pode causar dificuldade em respirar ou respiração rápida em casos graves e a poliomielite (paralisia infantil) em casos graves pode acarretar paralisia nos membros inferiores. Segundo a superintendente de Imunizações da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Ana Catarina Melo, para as vacinas BCG e Rotavírus o ideal seria ter uma cobertura vacinal de 90% e para as demais 95%. Porém, o máximo que se alcançou neste ano foi 60%.
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Quem não abre mão de manter a caderneta de vacinas dos filhos em dia é a cirurgiã-dentista Juliana Peixoto, 31 anos. Mãe de Murilo, três meses, e Vinicius, 3 anos, ela conta que nem mesmo a pandemia a impediu de imunizar os meninos. "A vacina é uma das maiores provas de amor e proteção que a família pode dar para as crianças. Não tem como a gente ir de encontro às evidencias científicas. Quando a doença chega não tem muito o que ser feito então a gente tem que trabalhar antes para evitar", afirma.
De acordo com a superintendente de Imunizações da SES, constantemente é feito um trabalho de sensibilização com campanhas educativas sobre a importância de se vacinar. "Também atuamos junto aos profissionais de saúde para que aproveitem a oportunidade de outros atendimentos e referenciem a vacinação", diz Ana Catarina Melo. Ela lembra que as vacinas estão disponíveis em inúmeros postos de saúde do Estado. Na Capital são mais de 130 salas de vacinação e os endereços podem ser visto no site da Prefeitura.
“A vacina das doenças imunopreveníveis é a medida mais segura e eficaz de proteção. Temos um nível de controle, mas precisamos garantir que esse calendário vacinal seja mantido e atualizado para que no futuro quando essas pessoas tiverem contato com o vírus não adoeçam”, comenta a superintendente de Imunizações da SES. A mensagem é reforçada pela diretora da Atenção Básica à Saúde do Recife. “Temos calendário vacinal que previne muitas doenças graves que podem levar ao adoecimento, sequelas e morte das crianças. Os pais precisam lembrar que vacinar é um ato de responsabilidade e amor”, diz Ana Sofia.