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RIO DE JANEIRO

Quem é Érika de Souza, presa com o tio morto em agência bancária do Rio

Detida em flagrante na semana passada, Érika de Souza Vieira Nunes está no Complexo Penitenciário de Gericinó

Paulo Roberto Braga e Érika de Souza Vieira Nunes enquanto ele esteve internado com pneumonia Paulo Roberto Braga e Érika de Souza Vieira Nunes enquanto ele esteve internado com pneumonia  - Foto: Reprodução

Presa em flagrante na semana passada, Érika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, é mãe de seis filhos e mora há mais de 10 anos numa casa simples na Avenida do Corretor, na comunidade Vila Aliança, em Bangu, na Zona Oeste do Rio.

Na última terça-feira, a dona de casa levou seu tio Paulo Roberto Braga a uma agência bancária para sacar um empréstimo de R$ 17 mil. No local, foi constatado que ele estava morto. Nascida em 24 de maio de 1981, no Rio, ela teve a prisão convertida em preventiva na semana passada. Em depoimentos à Polícia Civil e em processo judicial, obtidos pelo Globo, testemunhas e registros informam que ela tem transtorno psiquiátrico.

Érika possui casa própria, onde vivia em companhia de quatro filhos de 28, 27, 17 e 14 anos. Seu tio Paulo morava com ela. Sua filha caçula foi diagnosticada aos 6 anos com deficiência, devido a um “retardo no desenvolvimento fisiológico normal”, segundo documentos apresentados por sua defesa. Sua advogada pede que ela fique em prisão domiciliar para cuidar da adolescente, que “precisa de sua presença física e afetiva no seio familiar”.

De acordo com o depoimento de Rafaela de Souza Vieira Nunes, irmã de Érika, a dona de casa cuidava do idoso, de 68 anos. Há alguns anos, ele morava na casa de Érika, e ela seria a única pessoa que o visitava em períodos de internação. Paulo Roberto ficou hospitalizado com pneumonia por oito dias, com alta no dia 15.

Rafaela também disse que a confusão sobre o parentesco da sobrinha com o tio seria devido a uma alteração no registro de nascimento. Paulo foi registrado com o nome da mãe, enquanto Érika e Rafaela, no nome da avó. Logo, civilmente, Paulo seria primo de ambas, mas, biologicamente, é tio.

A família apresentou relatórios médicos assinados por psiquiatras que atenderam Erika pelo plano de saúde deles. Nos documentos apresentados pela defesa, desde 2015 Érika faz tratamento psicoterápico.

 

Em 2022, ela iniciou um acompanhamento psiquiátrico intensivo, que indicou o uso de remédios, e um médico pediu a internação psiquiátrica da paciente. Afirmando que ela era dependente de sedativos, tem quadro de depressão, pensamentos suicidas e alucinações auditivas. No ano seguinte, outro psiquiatra pediu a internação por dependência de sedativos e hipnóticos.

Em entrevista ao Fantástico, o filho Lucas Nunes dos Santos defendeu a inocência da mãe, acusada de tentativa de furto mediante fraude e por vilipêndio, o ato de menosprezar o cadáver de uma pessoa.

“A minha mãe criou seis filhos, e ela nunca precisou roubar, nunca precisou enganar ninguém para criar os seis filhos dela. A minha mãe encaminhou os seis filhos nessa vida e os encaminhou muito bem, nos ensinando o caminho do estudo, o caminho do que é correto”, afirmou na reportagem, destacando também que “a vida dele e dos irmãos era bem encaminhada e a mãe sempre foi a maior inspiração”.

Relembre o caso
Na terça-feira (16), Érika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, foi a um banco em Bangu com Paulo Roberto Braga, de 68. No local, a mulher estaria o auxiliando a assinar o documento que permitiria o saque de R$ 17 mil por um empréstimo. Só que a situação do idoso, que estava numa cadeira de rodas, sem esboçar qualquer reação e com a cabeça pendendo para trás e para os lados, causou estranheza nos funcionários, que começaram filmar. O vídeo, com a mulher pedindo que o idoso assinasse os papéis para autorizar a retirada do dinheiro, viralizou nas redes sociais. Ao ser atendido por uma equipe do Samu no local, acionada pelos trabalhadores da agência, foi constatado que o homem estava morto.

Érika foi presa em flagrante por vilipêndio de cadáver e furto mediante fraude. Na tarde da última quinta-feira, a 2ª Vara Criminal da Regional de Bangu converteu em preventiva a prisão da suspeita. Em depoimento à polícia, Érika disse que atendia a um pedido de Paulo Roberto que queria comprar um aparelho de televisão e fazer obra na casa.

Paulo foi enterrado no sábado (20), no Cemitério de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. A despedida foi acompanhada por cerca de 15 pessoas.

Advogada da suspeita, Ana Carla de Souza Corrêa afirmou que os parentes acreditam na inocência de Érika, que faz uso de forte medicação para tratar uma depressão. Eles acreditam que isso tenha alguma influência no desenrolar da situação, mas descartam qualquer possibilidade de uma tentativa de golpe.

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