Guerra

Quem é o cidadão russo sequestrado em Israel que foi libertado pelo Hamas neste domingo (26)

Roni Krivoy foi o primeiro homem adulto a retornar a Israel desde o início da guerra, no dia 7 de outubro; grupo palestino sugere participação de Putin nas negociações

Roni KrivoyRoni Krivoy - Foto: Reprodução acervo pessoal

Um dos integrantes do grupo de 17 reféns libertados pelo Hamas neste domingo — o terceiro grupo desde o anúncio do acordo entre Israel e Hamas, na semana passada — é um cidadão russo, que trabalhava no festival de música atacado pelo grupo palestino em outubro, e cujo retorno para Israel pode ter tido a participação direta do presidente Vladimir Putin.

Roni Krivoy, de 25 anos, é um técnico de som que estava trabalhando no festival perto do kibutz Re'im, no 7 de outubro, e foi capturado pelo Hamas durante a invasão do local, cenário do maior massacre daquele dia — segundo relatório divulgado no dia 18, 360 pessoas foram mortas, quase um terço de todas as 1,2 mil vítimas dos ataques.

Krivoy, que também é cidadão de Israel, morava em Carmiel, no Norte do país, e seu sequestro causou comoção dentro da comunidade local — seus pais e irmãos participaram de atos pedindo seu retorno imediato, e tiveram o apoio de lideranças religiosas também nos EUA. O anúncio de um acordo para a libertação inicial de 50 reféns, iniciada na sexta-feira, não lhes trouxe alívio imediato: pelos termos, apenas mulheres e crianças deixariam a Faixa de Gaza neste momento.

Mas um detalhe na primeira leva de pessoas que saíram de Gaza trouxe alguma esperança: na sexta, dez tailandeses e um filipino libertados não faziam parte da lista de 13 reféns soltos por dia pelo Hamas, sugerindo que o grupo estava disposto a deixar pessoas com outras nacionalidades, além da israelense, voltarem para casa. Neste domingo, o nome de Roni surgiu no terceiro grupo, ao lado de 13 israelenses e 3 tailandeses, o que o Hamas creditou à atuação do governo da Rússia.

"Em resposta aos esforços do presidente russo Vladimir Putin e em reconhecimento da posição russa no apoio à causa palestina, o Hamas libertou um refém com cidadania russa", disse o Hamas, em publicação em seu canal no Telegram.

Roni foi o primeiro homem adulto a ser libertado desde o início da guerra, no dia 7 de outubro. Estima-se que haja mais um refém russo em poder do Hamas.

A porta-voz da Chancelaria russa, Maria Zakharova, disse que a libertação foi resultado do trabalho da diplomacia do país.

"Os esforços feitos pelos diplomatas russos nos contatos com o Hamas relativos à libertação dos reféns estão dando resultados. Hoje, o titular de um passaporte russo foi libertado e entregue à Cruz Vermelha. Diplomatas russos irão visitá-lo o mais rapidamente possível", disse Zakharova no Telegram. "Este trabalho continuará."

As relações entre a Rússia e o Hamas vêm de antes dos ataques de 7 de outubro. Moscou jamais incluiu o grupo em sua lista de organizações terroristas, e mantém boas relações desde 2006, quando o Hamas venceu as eleições na Faixa de Gaza. No ano seguinte, quando houve o violento golpe através do qual o grupo assumiu o controle de fato de Gaza, Putin recebeu o então líder do Hamas, Khaled Mashal, em Moscou.

Com o início da guerra na Ucrânia, em 2022, analistas apontam que o Kremlin ampliou seus laços com o grupo, ao mesmo tempo em que via suas relações com Israel se estremecerem. Putin levou alguns dias para condenar os ataques do 7 de outubro, e mesmo quando o fez disse que ele era resultado do "fracasso das políticas dos EUA para o Oriente Médio". O presidente dos EUA, Joe Biden, chegou a equiparar o presidente russo ao grupo palestino, em discurso no mês passado.

Essa relação ficou ainda mais evidente no dia 26 de outubro, quando representantes do Hamas estiveram em Moscou, uma visita duramente criticada pelas autoridades israelenses e americanas: o presidente dos EUA, Joe Biden, chegou a equiparar o presidente russo ao grupo palestino, em discurso no mês passado. Um dos principais comandantes da inteligência da Ucrânia, Kyrylo Budanov, também acusou os russos de fornecerem armas capturadas em território ucraniano para o grupo palestino.

— Claramente vemos que os troféus de guerra da Ucrânia foram repassados para o Hamas. Em boa parte são armas de infantaria — disse ao jornal Ukrainska Pravda. As alegações não foram corroboradas por outros países, e foram refutadas por Moscou.

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