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Quem é o monsenhor brasileiro que regeu coro que entoou cânticos na despedida de Francisco

Funeral é realizado no sábado, na Basílica de São Pedro, com a presença de muitos fiéis e autoridades, e precederá o conclave que elegerá o sucessor de Bergoglio

O monsenhor brasileiro Marcos Pavan O monsenhor brasileiro Marcos Pavan  - Foto: Divulgação

O rito funerário do Papa Francisco, primeiro Pontífice argentino, nesta quarta-feira, teve uma participação brasileira. Os cânticos e ladainhas entoados dentro da Basílica de São Pedro, no Vaticano, pelo coro da Capela Sistina, foram regidos pelo monsenhor Marcos Pavan.

Pavan, natural de São Paulo e ex-pároco da Diocese do Campo Limpo, na Zona Sul da capital paulista, foi nomeado para o cargo em 2020, pelo próprio Francisco. De acordo com informações do site da diocese, ele estudou técnica vocal e canto gregoriano em São Paulo e Nova York, e foi membro do Coro Lírico do Teatro Municipal.

 

Pavan substituiu o monsenhor italiano Massimo Palombella no cargo de maestro-diretor do coro da Capela Sistina em dezembro de 2019. O brasileiro já vinha ocupando o cargo desde julho daquele ano, quando Palombella renunciou após ser condenado a pouco mais de três anos de prisão por peculato, lavagem de dinheiro e abuso no período em que liderou o coral. Ele também recebeu uma multa de € 9 mil (cerca de R$ 57 mil).

Conhecido oficialmente como Pontifícia Capela Musical Sistina, o Coro da Capela Sistina é composto por 20 cantores profissionais do mundo todo e uma seção de solistas composta por 35 meninos de 9 a 13 anos, chamados Pueri Cantores. Com 1, 5 mil anos de história, acredita-se que o Coro da Capela Sistina seja o coral ativo mais antigo do mundo.

Ritos fúnebres
O corpo do Papa chegou nesta quarta-feira à Basílica de São Pedro, cumprindo uma importante etapa dos ritos fúnebres de despedida do líder da Igreja Católica. O Pontífice argentino, que morreu na segunda-feira na Casa Santa Marta, aos 88 anos, foi trasladado em procissão para o principal templo do Vaticano, onde permanecerá exposto para que fiéis de todo o mundo possam oferecer suas últimas orações e despedidas até o dia do funeral, marcado para o sábado.

O caixão com o corpo de Francisco — que repousa vestido com uma casula vermelha e mitra branca, segurando um rosário nas mãos — saiu da capela da Casa de Santa Marta, em procissão para a Basílica de São Pedro (um rito chamado "Traslazione della salma del Sommo Pontefice nella Basilica Vaticana") na madrugada desta quarta-feira (9h no horário local e 4h em Brasília).

O trajeto passou pela Praça Santa Marta, Praça dos Protomártires Romanos e Arco dos Sinos, até chegar à Praça de São Pedro, onde uma multidão de fiéis acompanhou a chegada em silência. Uma vez na basílica, o caixão do Pontífice entrou pela porta central.

No interior, o cardeal camerlengo, Kevin Joseph Farrell, presidirá a liturgia. Ao fim, inicia-se o período de três dias de visitação de fiéis, até o funeral, no sábado.

No funeral, uma missa de corpo presente será celebrada na Praça de São Pedro, no Vaticano, em frente à basílica onde o primeiro Papa latino-americano fez sua última aparição no Domingo de Páscoa. A missa será presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio de Cardeais, e concelebrada por patriarcas, cardeais, arcebispos, bispos e padres de todo o mundo.

A celebração da eucaristia no sábado será concluída com a "Ultima commendatio" e a "Valedictio", marcando o início dos "Novemdiales", os nove dias de luto e missas em homenagem ao Papa Francisco.

A pedido de Francisco, que simplificou as honras fúnebres, ele será sepultado no mesmo caixão que já está sendo utilizado, feito de madeira e zinco. Contrariando uma tradição que vem desde 1903, o Pontífice escolheu ter seus restos mortais enterrados na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, e não no Vaticano. O túmulo, pediu Francisco, deve ser "simples", com uma única inscrição: "Franciscus", seu nome papal em latim.

O conclave
A escolha do sucessor de Francisco será determinada no rito conhecido por conclave, no qual os cardeais eleitores (que têm menos de 80 anos, um total de 135 atualmente) votam em um nome. No entanto, o cardeal bósnio Vinko Puljić, ex-arcebispo de Sarajevo, e o espanhol Antonio Cañizares não participarão do rito "por motivos de saúde". O próprio Puljić, que foi arcebispo de Sarajevo de 1990 a 2022, fez o anúncio ao canal de televisão croata RTL. Já Cañizares, arcebispo emérito de Valência, não comparecerá nem ao funeral, nem ao conclave, de acordo com fontes do bispado valenciano.

A data do conclave, porém, ainda não foi definida. Segundo as normas do Vaticano, a reunião deve começar entre o 15º e o 20º dia após o falecimento, ou seja, entre 5 e 10 de maio.

Então, os cardeais se reunirão na Capela Sistina e realizarão quatro votações por dia, duas pela manhã e duas à tarde, exceto no primeiro dia. As cédulas contendo os votos e as anotações feitas pelos cardeais são destruídas e queimadas pelo camerlengo. A eleição exige maioria qualificada (dois terços dos votos).

A chaminé, que os fiéis podem ver da Praça de São Pedro, emite uma fumaça preta se ninguém ainda tiver sido escolhido. Caso contrário, uma fumaça branca produzida com produtos químicos anuncia ao mundo que "habemus papam".

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