Quem é o senhor do Senhor das Armas, chefe de esquema que enviou fuzis de Miami ao Rio?
Investigação da PF, que desencadeou a Operação Cash Courier, mira policial federal aposentado, verdadeiro chefe de quadrilha que abastecia arsenal de maior facção do Rio com fuzis
A investigação da Polícia Federal, que desencadeou a Operação Cash Courier que cumpre 14 mandados de busca e apreensão, nesta quinta-feira, em endereços na Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, identificou que o verdadeiro Senhor das Armas é um policial federal aposentado.
O agente que é o principal alvo da operação, segundo a PF, se utilizava de pessoas físicas e jurídicas para adquirir imóveis e outros bens com o dinheiro proveniente da venda ilegal de armas traficadas dos Estados Unidos para o Rio de Janeiro, como forma de lavar dinheiro dos lucros obtidos.
Segundo o Bom Dia Rio, da TV Globo, o policial federal aposentado foi identificado como Josias João do Nascimento. A investigação aponta que, por anos, ele foi um dos principais articuladores do fornecimento de fuzis usados por tropas de elite para traficantes do Comando Vermelho (CV), abastecendo as operações criminosas em diversas comunidades da capital.
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O agente federal, que ainda não foi preso pela PF, seria o elo central no esquema milionário de tráfico internacional de armas, atuando diretamente na entrada de fuzis trazidos de Miami, nos EUA, para o Rio de Janeiro. A polícia descobriu que, na verdade, era Josias quem chefiava a trama ilegal que por anos foi comandado por Frederik Barbieri, conhecido como o "Senhor das Armas", apontado como o maior traficante de armamentos do Brasil.
Barbieri está preso nos Estados Unidos e em 2017 foi apontado como o responsável pela compra de 60 fuzis, AK-47 e AR-10, apreendidos no Aeroporto internacional do Galeão. Além das buscas em endereços ligados a Josias, a Justiça determinou o sequestro e bloqueio de bens e ativos no valor de R$ 50 milhões movimentados pela quadrilha.
Brasileiro levava apelido de Senhor das Armas para encobrir verdadeiro chefe de quadrilha

Frederik Barbieri, mais conhecido como Senhor das Armas, foi criado em Irajá, no subúrbio da Leopoldina. A notícia de que ele era procurado pela polícia caiu como uma bomba no condomínio onde o acusado passou a adolescência e parte da vida adulta. Incrédulos, moradores do Conjunto Habitacional Hannibal Porto só tiveram a certeza de que se tratava mesmo de Frederik (ex-morador do bloco 1, apartamento 404), quando viram a foto dele nos jornais. Mas o que a vizinhança também não desconfiava é que ele, desde que deixou o local, leva uma vida muito diferente da simplicidade da Zona Norte e das favelas que, segundo a polícia, o bandido abastecia com armamento de guerra: de posse do green card, vive cercado de luxo numa casa na Flórida, nos Estados Unidos.
Filho de uma família religiosa, Frederik, ou o Senhor das Armas, como os investigadores o chamam, viu sua vida mudar completamente. Ficaram para trás o imóvel do Irajá e outros dois endereços em São Gonçalo e Niterói. Em junho de 2017, um carregamento de 30 rifles AR-15 e 30 fuzis AK-47, escondido em quatro aquecedores de piscina, foi interceptado no aeroporto do Galeão, na Zona Norte do Rio.
Em fevereiro de 2018, agentes federais executaram um mandado de busca em um galpão alugado por Barbieri na Vero Beach, na Flórida. Lá, as forças de segurança encontraram 52 fuzis, 49 já preparados para serem enviados para outros países com numeração raspada. Foram encontrados ainda 2 mil munições e material de empacotamento.
No dia 19 de julho daquele ano, um tribunal federal de Miami condenou o Senhor das Armas a 12 anos e 8 meses de prisão por tráfico internacional de armas. Barbieri segue preso em cadeia americana.