Quer adotar um novo gato? Especialistas explicam se felinos têm amigos ou sempre competem

Gatos domésticos têm vivido ao lado de humanos por cerca de 10 mil anos primeiro como controle de roedores e depois como aquecedores de sofá que conhecemos e amamos. Muito diferente do estilo de vida de predador solitário de seus ancestrais, hoje milhões de gatos em todo o mundo vivem em famílias humanas.

Valorizamos muito os relacionamentos que compartilhamos com esses companheiros peludos, frequentemente os considerando amigos, familiares ou até mesmo “filhos”.

E esse sentimento pode ser compartilhado, com gatos demonstrando afeição por meio da busca por nossa companhia, contato físico e envolvimento em brincadeiras.

Como uma linguagem secreta entre amigos, há até evidências que sugerem que os gatos desenvolveram vocalizações específicas para se comunicar com seus tutores.

Apesar disso, os gatos são tipicamente vistos como distantes e esquivos. Mas quão verdadeiro isso é? Os gatos formam amizades além de nós?

Uma receita complexa
Primeiro, como é uma amizade felina? Comportamentos que podem indicar amizade entre dois gatos incluem higiene social, como lamber o pelo um do outro, esfregar a cabeça, passar tempo juntos e brincar juntos.

Por outro lado, comportamentos como atacar, brigar ou perseguir podem indicar que um desentendimento está se formando ou já está em andamento.

Os gatos também têm muito poucos sinais de “dissipação de conflitos” em seu repertório comportamental, optando por fugir ou evitar uns aos outros em vez de tentar a reconciliação durante o conflito.

Essa desarmonia pode ser estressante para os gatos. Muitos tutores acabam se perguntando como maximizar as chances de promover um relacionamento positivo entre seu gato e outros animais – ou se eles deveriam dar a eles um “amigo”.

A receita para amizades felinas bem-sucedidas é um pouco complexa. Pesquisas sobre a dinâmica felina em gatos sem tutor e soltos descobriram que relacionamentos próximos têm mais probabilidade de se formar – e durar – se eles forem:

• Ambas serem fêmeas;
• Crescer juntos;
• Estarem intimamente relacionados; e
• Vivem muito próximos uns dos outros.

Gatos que vivem somente dentro de casa também podem formar amizades fortes com outros gatos da casa.

Semelhante a gatos soltos sem tutor, gatos que foram apresentados uns aos outros em tenra idade, que são parentes e que viveram juntos por muito tempo, têm mais probabilidade de serem amigos próximos.

No entanto, entre os gatos castrados, os pares machos mostram laços mais próximos do que os pares macho-fêmea.

Os pares fêmeas são os menos propensos a serem amigos. A primeira apresentação também é o fator mais preditivo para relacionamentos positivos de longo prazo.

E os que podem ir para a rua?
Sabemos menos sobre a vida social dos gatos de estimação que podem andar ao ar livre, mas o comportamento padrão da maioria dos gatos é de competitividade e territorialismo. Dito isto, os gatos normalmente tentam evitar confrontos com outros.

Embora algumas pesquisas tenham descoberto que as interações entre gatos de rua geralmente são calmas, elas podem resultar em brigas, e às vezes resultam em brigas — principalmente se houver comida por perto ou se eles se aventurarem em um território desconhecido de gatos sem tutor.

Para complicar ainda mais as coisas, é mais provável que dois gatos briguem dentro de uma casa se forem deixados do lado de fora – provavelmente por trazerem odores desconhecidos.

Também não podemos esquecer o relacionamento problemático que os gatos podem ter com a fauna nativa, às vezes dizimando populações de vida selvagem locais. Em muitos lugares, especialmente em partes da Austrália, os gatos não são permitidos ao ar livre por esse motivo.

Também há perigos para a saúde e segurança deles se forem autorizados a andar por aí, como acidentes, riscos no trânsito ou até mesmo vizinhos descontentes.

Cães e gatos podem viver em harmonia?
Embora a pesquisa tenha explorado principalmente a amizade dos gatos entre si, os gatos também podem ter relacionamentos positivos com outras espécies.

Por exemplo, embora gatos e cães sejam comumente retratados como inimigos mortais, eles podem viver harmoniosamente, muitas vezes dormindo e brincando juntos.

No entanto, mais uma vez, a importância da exposição precoce e das introduções lentas no desenvolvimento desse relacionamento não pode ser exagerada.

Curiosamente, também parece que gatos de interior são mais amigáveis com seus companheiros caninos do que gatos permitidos ao ar livre.

Isso ocorre possivelmente porque gatos de exterior podem ser expostos a vários cães, muitos dos quais não ficam felizes em vê-los.

Então, seu gato de estimação deve ter um amigo? Como você já deve ter adivinhado, a resposta para as amizades felinas é complicada.

Como introduzir um novo gato?
Se você planeja apresentar seu gato a um novo companheiro, aqui estão algumas sugestões a seguir:

Primeiro, as apresentações de gatos devem ser lentas e supervisionadas para aumentar a chance de um primeiro encontro positivo.

Sua casa também deve ter muitos espaços seguros, brinquedos e alimentadores de quebra-cabeça, postes de arranhar e áreas separadas para comida e areia em um local tranquilo.

Fornecer esses recursos ajudará a evitar a guarda de recursos (onde gatos impedem outros gatos de acessar coisas de que precisam ou gostam) e reduzirá o conflito entre os animais.

No final das contas, embora os gatos possam formar amizades com outros animais, elas não são cruciais para sua saúde e felicidade.

O relacionamento mais próximo do seu gato é aquele que ele tem com você.

Garantir que eles tenham muitas oportunidades de aproveitar sua atenção e se envolver em brincadeiras provavelmente é o suficiente até para o mais sociável dos felinos. Afinal, eles têm suas reputações de "distantes e esquivos" a manter.

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