Racismo: funcionários da American Airlines são suspensos após homens negros serem expulsos de voo
Passageiros foram retirados de avião depois que o comissário de bordo reclamou de um "forte cheiro de odor corporal"; CEO da empresa disse que caso é "inaceitável"
Um mês após três homens negros processarem a companhia aérea American Airlines por suposta discriminação racial, vários funcionários na empresa foram colocados de licença. Eles alegam que foram retirados da aeronave, que partiria de Phoenix, no Arizona, para Nova York, depois que um comissário de bordo, que é branco, reclamar de um forte cheiro de odor corporal.
O caso ocorreu em janeiro, mas somente nesta quinta-feira foi anunciado o afastamento dos empregados envolvidos.
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Em nota direcionada aos funcionários, o CEO da American Airlines, Robert Isom, disse que o incidente foi “inaceitável” e que a empresa “não cumpriu” seu compromisso. Ele disse estar “responsabilizando os envolvidos, incluindo a remoção de membros da equipe de serviço”.
Segundo publicado pela BBC, a companhia aérea também anunciou várias iniciativas destinadas a prevenir situações semelhantes, incluindo um “grupo consultivo” focado na experiência de passageiros negros.
Na ação judicial de maio, três homens – que não estavam sentados juntos e não se conheciam – afirmaram que, no total, oito passageiros negros foram removidos do voo por cerca de uma hora e meia. Em nota, eles disseram ter sido escolhidos porque eram negros.
Os autores da ação descreveram a situação como “traumática, perturbadora, assustadora, humilhante e degradante”. Os três homens foram eventualmente autorizados a retomar seus assentos no voo original.
— Andamos de volta pelo corredor da vergonha, se é que me entende — Xavier Veal, um assistente de produção de Nova York e um dos três homens que processaram a empresa, ao Washington Post. — Foi horrível. Foi uma experiência realmente traumática. Infelizmente, sou um homem negro e vivo na América. Isso te faz despertar para a realidade de que não posso simplesmente ir à loja; não posso simplesmente fazer coisas normais como pegar um avião para casa.
O processo protocolado conta que, quando os homens sugeriram que estavam sendo vítimas de racismo, um funcionário da American Airlines teria dito que “concordava com eles”.
A resposta foi verificada por uma gravação de celular visualizada pela equipe do Washington Post. Nela, um dos homens diz que a remoção deles foi discriminatória – e um funcionário teria dito: “Eu não discordo de você”.
Em carta aos funcionários datada de 18 de junho, Isom disse estar “incrivelmente desapontado com o que aconteceu no voo e com a falha de nossos procedimentos”.
“Não cumprimos nossos compromissos e falhamos com nossos clientes”. Ele acrescentou que a companhia aérea está “firme em nosso compromisso” de trabalhar com organizações de direitos civis como a Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP, na sigla em inglês) para “reconstruir a confiança”.
Esta não é, porém, a primeira vez que a American Airlines enfrenta alegações de discriminação. Em 2017, a NAACP aconselhou viajantes negros a evitarem a companhia aérea.
Como justificativa, foi mencionado um padrão de comportamento “desrespeitoso” e “discriminatório”, bem como uma “cultura corporativa de insensibilidade racial e possível preconceito racial”. O aviso foi suspenso no ano seguinte, depois que a empresa anunciou mudanças em suas operações.
Em 4 de junho deste ano, porém, a NAACP disse que poderia restabelecer o aviso caso a American Airlines desse uma “resposta rápida e decisiva” ao caso de janeiro.