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Argentina

Radiografia de cachorro está entre indícios de grande fraude em pensões por invalidez na Argentina

O setor, que alega estar sendo perseguido pelo governo, enfrenta o fechamento de escritórios provinciais e atrasos nos pagamentos

MileiMilei - Foto: Tomas Cuesta/AFP

O governo argentino anunciou nesta sexta-feira (19) que uma auditoria no sistema de pensões por invalidez detectou uma "atividade fraudulenta em larga escala", e citou como exemplo o uso da radiografia de um cachorro para a obtenção do benefício.

"Um médico anexou ao certificado para a obtenção de pensão por problema lombar a radiografia de um cachorro", informou em coletiva de imprensa o porta-voz da Presidência, Manuel Adorni, mostrando uma placa onde se veem as vértebras do rabo de um animal.

Adorni acrescentou: "E lhe concederam uma pensão por invalidez! Podem confundir qualquer coisa, mas o que achavam que fosse o rabo do cãozinho? Esse era o nível de descontrole."

Com esse e outros exemplos, o governo denunciou "um desvio de fundos, apenas em 2023, de quase um terço dos 3,4 bilhões de dólares (R$ 18,9 bilhões) destinados a pensões por invalidez  ao longo daquele ano", explicou mais tarde, em seu canal no Whatsapp.

Segundo o governo, o número de pensões por invalidez aumentou de 79.000 beneficiários em 2003 para 1,2 milhão 20 anos depois, em um país de 46 milhões de habitantes. É um número "estratosférico, que sequer corresponde a um país que tenha sofrido guerras militares ou catástrofes naturais", disse Adorni.

Os primeiros resultados da auditoria realizada pela Agência Nacional de Deficiência (Andis) indicaram que cerca de 60.000 beneficiários não atendem aos requisitos, porque possuem propriedades ou itens de luxo. A pensão por invalidez corresponde a cerca de 170 dólares (R$ 944,1) pelo câmbio oficial.

Adorni acrescentou que o governo convocará todos os pensionistas, para avaliar a sua justificativa médica e situação socioeconômica.

Defensores dos direitos das pessoas com deficiência manifestaram-se em maio em todo o país contra o ajuste fiscal do presidente Javier Milei, que inclui cortes de gastos, fechamento de repartições públicas, paralisação de obras públicas, demissões e aumento de tarifas, enquanto a recessão se intensifica e a inflação anual atingiu 271,5% em junho.

O setor, que alega estar sendo perseguido pelo governo, enfrenta o fechamento de escritórios provinciais e atrasos nos pagamentos, além de demissões.

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