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Pablo Hasél

Rapper espanhol recebe nova pena de prisão por ameaçar testemunha

Sua recente detenção por alguns tuítes está causando uma onda de protestos no país

Rapper espanhol Pablo HasélRapper espanhol Pablo Hasél - Foto: J. Martin/AFP

A Justiça espanhola informou, nesta quinta-feira (18), sobre uma nova sentença de prisão contra o polêmico rapper Pablo Hasél, de 32 anos, por ameaçar uma testemunha.

Sua recente detenção por alguns tuítes está causando uma onda de protestos no país. 

Em meio a essa polêmica, que divide a coalizão de esquerda do chefe de governo, Pedro Sánchez, a Audiência de Lérida (nordeste), sua cidade natal, confirmou a pena de dois anos e meio de prisão contra o artista por ameaçar a testemunha de um julgamento contra dois policiais municipais. 

A sentença proferida em 12 de fevereiro, mas divulgada hoje, ratifica a sentença imposta por um tribunal de primeira instância, da qual o condenado recorreu. Ainda cabe recurso ao Supremo Tribunal. 

De acordo com os fatos relatados no processo, o rapper publicou em outubro de 2017 um tuíte com a foto da testemunha de um julgamento contra dois policiais municipais, garantindo que eles o haviam "comprado" e, por isso, haviam sido absolvidos. 

Dois dias depois, Hasél, cujo nome verdadeiro é Pablo Rivadulla Duró, repreendeu a testemunha em um bar, tentou chutá-la e gritou: "Vou te matar, filho da..., eu vou te pegar".

Hasél, que tinha antecedentes criminais, foi preso por crime de glorificação do terrorismo em tuítes publicados entre 2014 e 2016, que lhe renderam uma condenação em 2018. Neles, descreveu o rei Juan Carlos I como um "mafioso" e um "ladrão", acusou a polícia de matar e torturar migrantes e manifestantes e mencionou pessoas envolvidas em crimes de terrorismo.

Onda de protestos
A polícia espanhola deteve, na quarta-feira (17), mais de 60 pessoas, na segunda noite de confrontos após a prisão do rapper Pablo Hasél por insultar no Twitter a monarquia e as forças de segurança.

As primeiras manifestações ocorreram na terça-feira à noite na Catalunha, horas depois que a polícia prendeu o rapper de 32 anos para começar a cumprir uma pena de nove meses de prisão.

O artista se recusou a se entregar voluntariamente e se barricou na universidade de sua cidade, Lérida (Catalunha).

Os protestos se espalharam por Madri na quarta-feira, onde centenas de manifestantes entraram em choque com a polícia no centro da Puerta del Sol, aos gritos de "Pablo Hasél, liberdade!".

Com cassetetes nas mãos, os policiais investiram várias vezes contra os manifestantes, que responderam jogando garrafas e quebrando as vitrines de algumas lojas próximas.

Na capital, 19 pessoas foram detidas, informou a delegação do governo, nesta quinta, em Madri. Os serviços de emergência registraram 55 feridos, incluindo 35 policiais. 

Também houve incidentes violentos na cidade andaluza de Granada, onde os manifestantes queimaram contêineres de lixo. As autoridades reportaram quatro detidos à AFP. 

Em Barcelona, os manifestantes atiraram objetos contra a polícia e montaram barricadas que depois foram incendiadas. Os agentes controlaram a situação com bolas de espuma. 

Em toda Catalunha, a polícia regional, Mossos d'Esquadra, disse ter prendido 33 pessoas na quarta-feira. Fontes médicas reportaram o atendimento de oito feridos leves.

Na noite de terça-feira, 15 pessoas já haviam sido presas na Catalunha, por protestos em que 30 pessoas ficaram feridas, incluindo 19 policiais.

O diretor-geral da Mossos d'Esquadra, Pere Ferrer, descreveu um "cenário altamente complexo" devido ao "alto volume de desordem pública", incluindo saques a lojas, danos ao mobiliário urbano e "ataques diretos à polícia".

O oficial confirmou que, na noite de terça-feira, uma jovem perdeu a visão de um olho, devido à intervenção da polícia e anunciou uma investigação interna para esclarecer o ocorrido.

A violência foi denunciada por diversos políticos, como a socialista Carmen Calvo, primeira vice-presidente do governo, embora o presidente, Pedro Sánchez, não tenha se pronunciado por enquanto.

"Nenhum direito pode ser defendido ou expressado com violência", disse Calvo à televisão espanhola. "Uma manifestação que não procedia, que não foi comunicada, com detidos, feridos, muitos danos materiais: isso não corresponde à liberdade de expressão", acrescentou.

Seu caso gerou um novo debate sobre a liberdade de expressão na Espanha. A organização Anistia Internacional considerou a sentença "desproporcional" e, antes de sua prisão, cerca de 200 personalidades, incluindo o cineasta Pedro Almodóvar e o ator Javier Bardem, assinaram um manifesto em apoio ao rapper.

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