EUA

Raro bisão branco nasce em parque nos EUA, e indígenas interpretam como sinal

Registro de bisão foi feito no Parque Nacional de Yellowston, que ainda não confirmou chegada do filhote; em alguns povos, aparição significa que as preces estão sendo atendidas e que grandes mudanças chegarão

pequeno e raro filhote de búfalo branco registrado no Parque de Yellowstonepequeno e raro filhote de búfalo branco registrado no Parque de Yellowstone - Foto: Erins Braaten/Reprodução

Um filhote raro de bisão branco foi fotografado no Parque Nacional de Yellowston, que espalha-se pelos estados de Wyoming, Idaho e Montana. O nascimento, apesar de ainda não ter sido confirmado pelo parque, foi recebido com entusiasmo por algumas etnias indígenas da região: em suas culturas, o nascimento de um bisão branco faz parte de uma profecia religiosa que anuncia grandes mudanças.

O pequeno filhote foi avistado na região de Lamar Valley do parque, e o registro foi feito no dia 4 de junho por Erin Braaten. À BBC, a fotógrafa contou que passeava pelo parque com alguns de seus filhos, quando ficou presa no trânsito devido a uma manada de bisontes que se movia lentamente. Foi então que reparou nos filhotes que acompanhavam o grupo. Entre eles, chamava atenção uma pequena mancha branca, que inicialmente chegou até a ser confundida com um coiote por Braaten.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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— Houve tantos pensamentos e emoções diferentes. Foi tão incrível — disse a fotógrafa, que cresceu ouvindo falar sobre o filhote raro, brincando: — Pensei que teria mais chance de fotografar o Pé Grande do que uma cria de bisão branco.

Nas últimas décadas, os nascimentos de filhotes de bisão brancos ocorreram em cativeiro, e seus progenitores tinham o DNA de vacas domésticas. Não há número sobre quantos bisões brancos há nos EUA, mas a Associação Nacional dos Bisontes estima que nasçam apenas um ou dois por ano. Por isso, o filhote raro avistado por Braaten é tão especial do ponto de vista religioso — ele é fruto da última manada selvagem do país.

As crenças
Para o povo Dakota, uma das etnias das Grandes Planícies que veem o nascimento do filhote raro como algo sagrado, a profecia remonta há dois mil anos, período em que a comida era escassa e os bisontes, usados como alimentos, roupas, em rituais religiosos e para construção de ferramentas, eram raramente avistados.

De acordo com a sua cultura, uma bela mulher apareceu e entregou ao povo as dádivas de um cachimbo sagrado e um feixe de Artemísia. Ela então disse que voltaria para restaurar a harmonia de um mundo conturbado e depois rolou no chão quatro vezes, mudando de cor em cada uma delas antes de se transformar em um bisonte branco. Com sua partida, os bisontes regressaram e os de pelagem branca passaram a ser visto como um sinal de que as preces estavam sendo ouvidas e de que a mudança chegaria.

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Em outras etnias, como os Sioux, Cherokee, Comanche e Navajo, a Mulher Bisonte Branco é considerada uma profeta, uma figura messiânica, com sua história sendo comparada à de Jesus Cristo na mitologia cristã.

"Benção e aviso"
O escritor Oglala, uma das sub-etnias do povo Lakota, Simon Moya-Smith explicou à BBC que a chegada de um bezerro branco é vista como uma "benção e aviso", segundo a tradição.

— [Sempre que um bisão branco é visto] há uma profecia de que algo bom ou algo ruim vai acontecer. Mas sabemos que será grande, no sentido de que será significativo — disse.

Um evento para celebrar a chegada do filhote raro está sendo programado para o próximo dia 26, na cidade de West Yellowstone, em Montana. A organização está a cargo da Buffalo Field Campaign, grupo de defesa dos bisões. Os anciãos do povo Dakota são esperados na comemoração, e outras etnias também poderão enviar suas lideranças.

O líder Arvol Looking Horse, guardião da 19ª geração do cachimbo que teria sido dado pela mulher transformada em bisão branco, afirmou em uma declaração que o nascimento do filhote raro é um sinal de que "temos que fazer mais". "Todas as nações deveriam reunir-se nos seus locais sagrados e unirem-se a nós em oração. Podemos fazer mais para curar a Avó Terra e proteger os seus filhos sagrados. O nascimento desta cria é uma bênção e um aviso", escreveu.

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