Razões para amar o Nordeste e o povo nordestino
Composta pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, a região é conhecida mundialmente por seu clima tropical e população que, gigante por natureza, enfrenta as dificuldades da vida sem perd
Composta pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, a região Nordeste é conhecida mundialmente por seu clima tropical e população que, gigante por natureza, enfrenta as dificuldades da vida sem perder o encantamento. Antes de tudo um forte, como bem descrevia Euclides da Cunha, esse povo vez ou outra é alvo de ataques xenofóbicos como os que ocorreram após os resultados do primeiro turno da eleição presidencial, no último domingo (7).
Os nordestinos, que vem historicamente resistindo a situações como seca, fome, abandono e tantas outras dificuldades, não costuma abalar com afirmações que tentam diminuí-la de alguma forma. O nordestino é um povo orgulhoso de sua luta, natureza e resistência. E isso não é tarefa difícil, já que a segunda maior população do Brasil ocupa a maior área litorânea do país.
Enquanto xingam o nordestino, ele discute o assunto em um fim de semana nas praias mais lindas do mundo comendo uma agulhinha e tomando uma cerveja ou caipirinha. É uma população que trabalha duro, mas aproveita bem a vida sem precisar de muito, sendo feliz na simplicidade.
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Como recifense, tenho muito orgulho de ter nascido aqui e do quão conscientes, amorosas e alegres são as pessoas da região, por vezes chamada carinhosamente por internautas de "meu continente"ou "meu país". Nada mais natural. Não é a primeira vez que, após uma acirrada disputa, chegam até a falar em separação desta região, que une características marcantes que vão desde o jeito de falar aos pratos típicos e paraísos naturais, do restante do Brasil.
E como se sabe, o nordestino é bem "bairrista". Quando esse assunto surge, só cresce a admiração e amor pela sua terra e população. Por isso, resolvi falar um pouco sobre características que tornam o Nordeste tão especial.
Cultura e história
Terra de nomes como João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, Graciliano Ramos, Ferreira Gullar, Luiz Gonzaga, Ariano Suassuna e Jorge Amado, que representam o país internacionalmente, a cultura é bastante diversificada, com características próprias herdadas dos europeus, dos negros e dos índios.
Berço da colonização exploratória portuguesa no país, de 1500 até 1532, o Nordeste foi também o centro financeiro do Brasil até meados do século 18, tendo a Capitania de Pernambuco como principal centro produtivo da colônia e o Recife como cidade de mais importância econômica.
Alegria da população
Um levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2012 mostrou o Nordeste como a região mais feliz do Brasil. Caso fosse um país independente, estaria em nono lugar na classificação mundial de lugares onde as pessoas são alegres.
Gente do mundo inteiro busca um pouco desse sentimento em cidades nordestinas. Sempre de braços abertos, o povo deixa as festas populares mais coloridas e animadas. E não faltam comemorações. Do cordel ao forró, do axé ao maracatu, o bumba meu boi, as festas juninas, e, claro, o Carnaval, quando os estados mais procurados são Pernambuco e Bahia.
Praias
A beleza natural é um ponto forte da região. Uma praia da ilha de Fernando de Noronha, em Pernambuco, chegou a ser eleita esse ano como a mais bonita do mundo na premiação do Tripadvisor. A Baía do Sancho ultrapassou praias da Indonésia e do Caribe na lista das 25 melhores do planeta.
Também são belíssimas e famosas as praias de Jericoacoara e Canoa Quebrada, no Ceará; Maragogi, Patacho e São Miguel dos Milagres, em Alagoas; Porto de Galinhas, Maracaípe e Carneiros, em Pernambuco; Praia do Forte, Costa do Sauípe e Morro de São Paulo, na Bahia; Pipa, Tibau do Sul, Ponta Negra e Barra do Cunhaú, no Rio Grande do Norte, entre outras.
Música
Rico em ritmos, o nordeste dança no compasso do frevo, maracatu, xaxado, axé, baião e do forró com suas deliciosas vertentes. Da região, saíram nomes como Raul Seixas , Chico Science, Gilberto Gil e Luiz Gonzaga, que são ícones da música brasileira, além de Alceu Valença, Tom Zé, Hebert Vianna, Dorival Caymmi, Djavan, Dominguinhos, Gal Costa, João Gilberto, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Zé Ramalho.
Arte
As manifestações artísticas do Nordeste estão no artesanato, danças e músicas típicas, tornando-se parte da rotina do povo. É possível encontrar redes tecidas à mão, peças em argila, palha e madeira, itens com rendas, garrafas enfeitadas com areia colorida e diversos objetos que terminam impulsionando o setor turístico. Um ícone da cultura local é a carranca, uma escultura em forma humana ou animal encontrada em lojas de produtos artesanais.
Culinária
Com a presença marcante de temperos fortes e apimentados, a culinária local tem como pratos típicos que ganharam o coração, ou estômago, de pessoas de todo o mundo. Para se ter ideia, já cheguei a comer até tapioca em uma viagem para Berlim, na Alemanha. Mas nenhuma se compara a vendida no Alto da Sé, em Olinda, Pernambuco.
Outros itens conhecidos da culinária nordestina são moqueca, vatapá, buchada de bode, acarajé, sarapatel, sururu, carne de sol, macaxeira, cuscuz, canjica, pamonha e bolo de rolo. Se você nunca experimentou uma moqueca de camarão ou outros desses pratos, não sabe o que está perdendo.
Literatura
O Nordeste é o berço de Jorge Amado, Rachel de Queiroz, Nelson Rodrigues, Graciliano Ramos, Ferreira Gullar, Gonçalves Dias, José de Alencar, Manuel Bandeira e Ariano Suassuna entre outros. Pois é, daqui saíram os maiores nomes e obras do país.
Livros que abordam o sertão nordestino estão entre os mais lidos, como Vidas Secas (Graciliano Ramos), O Quinze (Rachel de Queiroz), Menino de Engenho (José Lins do Rêgo), Morte e Vida Severina (João Cabral de Melo Neto), Terras do Sem-Fim (Jorge Amado)
Arquitetura
Com várias heranças da arquitetura colonial, locais como o Centro Histórico de Olinda, em Pernambuco, e Centro Histórico de São Luís, no Maranhão, foram tombados como patrimônio mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Nunca esquecerei o encantamento de um amigo arquiteto alemão com as casas do Sítio Histórico de Olinda. Ele sempre para, tocava, analisava e comentava como a arquitetura local é rica.
Um país chamado Pernambuco
O sentimento de ser pernambucano nasceu 72 anos antes do sentimento de ser brasileiro. No dia 6 de março de 1817, surgia uma nação chamada Pernambuco. A República que buscava independência da Coroa Portuguesa durou apenas 75 dias, mas deixou um legado inestimável.
Logo após a decretação da nova República, os símbolos da Coroa Portuguesa foram retirados das instituições públicas e das ruas. Hábitos europeus foram substituídos por costumes genuinamente locais. O pão de trigo foi substituído pela tapioca e o vinho pela cachaça.
O extremismo do ato fez o movimento restrito a espaços secretos ganhar as ruas. O governador Caetano Pinto acabou fugindo do Palácio e se abrigou no Forte do Brum, de onde foi expulso. Começava então os 75 dias em que Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte se juntaram em uma única nação chamada Pernambuco.
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* Priscilla Aguiar é jornalista, editora adjunta do Portal FolhaPE e criadora dos perfis 'Ah, vamos viajar' no Instagram, Facebook e Youtube com dicas, fotos e vídeos de suas passagens por pelo menos 17 países.
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