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Redução populacional: Conheça cidades da Europa que pagam até R$ 400 mil para novos moradores

Subsídios milionários e casas leiloadas por um euro são algumas das medidas desesperadas de cidades europeias diante da queda brusca no número de habitantes

Ilha de Clare, uma das que fazem parte do programa de incentivo do governo da Irlanda Ilha de Clare, uma das que fazem parte do programa de incentivo do governo da Irlanda  - Foto: Reprodução

Itália, Suíça, Grécia, Irlanda e Espanha. Esses são alguns dos países que estão criando políticas municipais para atrair novos moradores. Cidades isoladas, pequenos vilarejos e ilhas quase desertas, que precisam desesperadamente aumentar sua população, chegam a oferecer subsídios de até R$ 440 mil, com o objetivo de rever os baixos índices populacionais e o envelhecimento dos atuais residentes.

Os salários são a alternativa encontrada pelos governos europeus para tentar conter a redução da população dessas cidades. Muitas regiões da Europa enfrentam populações envelhecidas à medida que os jovens se mudam para as cidades ou optam por não ter filhos. O abandono em busca de novas experiências, em locais mais badalados e movimentados, tem acontecido não apenas nas áreas mais rurais, mas também em grandes vilas e até cidades médias.

As ofertas, apesar de tentadoras, vêm com condições e dificuldades. Uma das mais comuns, é a preferência por famílias com filhos, ou pessoas que planejam ter filhos quando se estabelecerem. Além disso, alguns contratos exigem uma garantia de que o novo morador pretende permanecer por bastante tempo e, em outros casos, pede que a residência escolhida pela família seja totalmente reformada.
 

Além disso, os anúncios de programas deste tipo podem induzir à falsa ideia que, junto do pagamento, estarão garantias ou políticas que auxiliem na imigração. A permanência de estrangeiros nos países é, na verdade, um assunto dos governos federais e não municipais. Esse é um dos pontos que pode representar um obstáculo para estrangeiros que desejam se candidatar a programas do tipo. Além disso, pelo tamanho reduzido dos municípios, pode haver dificuldades nas questões linguísticas, problemas de abastecimento e disponibilidade imediata de mão de obra.

Itália
A Itália é a segunda nação mais envelhecido do mundo, atrás apenas do Japão. Entre 1861 e 2022, as pessoas com mais de 65 anos passaram de 4,2% para 23,8% do país, aponta um estudo do Instituto Nacional de Estatística (Istat). Já os jovens com menos de 15 anos diminuíram de 34,2% para 12,7%, o que evidencia uma tendência acentuada para a redução da população italiana. No total, são 187,9 idosos com mais de 65 anos para cada 100 jovens com menos de 15.

A ilha mediterrânea da Sardenha anunciou que pagará € 15 mil, aproximadamente R$ 76 mil, para cada novo morador. O plano está sendo levado a sério pelo governo local, com um orçamento de € 45 milhões, cerca de R$ 230 milhões, para viabilizar o projeto.

Outras partes da Itália estão usando propostas semelhantes para atrair uma nova população. Na região da Calábria, novos moradores ganham cerca de € 28 mil (R$ 153 mil) cada. Já na vila de Santo Stefano di Sessanio, é oferecido até € 50 mil (R$ 270 mil) em subsídios para quem se mudasse e trabalhasse por lá. Os interessados devem ter idade igual ou inferior a 40 anos e realizar a mudança no prazo de 90 dias após a aceitação da candidatura. Também é necessário abrir um negócio ou encontrar um emprego.

Também ao sul do país, Candela, uma pequena cidade na região de Puglia, com cerca de 2.700 habitantes é uma das mais seguras da Itália. A vila oferece € 800 (R$ 4,3 mil) para solteiros, € 1,3 mil (R$ 7,1 mil) para casais e € 2 mil (R$ 11 mil) para famílias, assim que se mudarem. Para serem elegíveis, os recém-chegados terão de alugar uma propriedade, além de garantir um emprego com um rendimento mínimo de € 7,5 mil (R$ 41 mil) por ano.

A Presicce-Acquarica, na província de Lecce, também na região de Puglia, pagará aos novos residentes até € 30 mil (R$ 164,2 mil) para se mudarem para a região. Além de um adicional de R$ 5 mil para cada bebê nascido na cidade. O dinheiro deve ser usado para comprar e reformar uma propriedade desabitada antes de 1991.

A cidade Mussomeli, na Sicília, busca fomentar seu desenvolvimento através de programas residenciais, leiloando casas a partir de € 1. O programa, que teve início em 2017, já vendeu mais de 300 casas. A região acumulava mais de 40 mil construções, mas apenas dez mil habitantes.

Espanha
A Espanha está em busca de uma população mais jovem e, especialmente, nômades digitais. A Rede Nacional de Aldeias Acolhedoras, que tem cerca de 30 membros, está tentando atrair trabalhadores remotos estrangeiros para o país, fornecendo espaços de coworking, serviços de alta velocidade de internet e dinheiro para despesas de mudança, além de pagar até R$ 14,5 mil. O custo de vida nesses lugares é de aproximadamente R$ 875 a R$ 2 mil por semana.

Algumas das cidades participantes estão em Málaga, na região norte da Andaluzia, com menos de 500 habitantes a dois mil habitantes. Outro município é Oliete, na região de Aragão, com 343 habitantes. A aldeia de Kuartango, no Parque Natural de Gorbeia, no País Basco, com uma população de 430 pessoas. Além de Tejada, nas montanhosas Ilhas Canárias, e San Vicente de La Sonsierra, na região de La Rioja, com mil habitantes.

Outro local em busca de novos habitantes é a cidade de Ponga, na região das Astúrias, no norte da Espanha, que tem apenas 600 habitantes. O vilarejo está oferecendo até € 3 mil (R$ 16 mil) para famílias com filhos e até € 2 mil (R$ 11 mil) para solteiros ou casais sem filhos. As famílias que aumentarem a população receberão um adicional de € 3,5 mil (R$ 19 mil) por cada bebê nascido na aldeia.

A vila de Rubiá, com 1.400 residentes na região noroeste da Galiza, a duas horas e meia de carro de Santiago de Compostela, também pagará aos novos moradores. A preferência são famílias, que podem receber até € 150 (R$ 820) por mês. O subsídio espera aumentar o número de alunos nas escolas locais.

A aldeia de Griegos, no leste da Espanha, com 130 moradores, oferece empregos e três meses de aluguel grátis para os recém-chegados. Depois disso, o aluguel será de € 225 (R$ 1.230) por mês e os moradores receberão um extra de € 50 (R$ 275) por cada criança entre 4 e 18 anos.

Suíça
A cidade de Albinen, nos Alpes Suíços, tem menos de 250 residentes e também está se oferecendo para pagar pela permanência de novas famílias. O município está oferecendo 25 mil francos suíços (R$ 138.520) para adultos com menos de 45 anos e 10 mil francos suíços (R$ 55 mil) por criança.

O subsídio foi aberto primeiro para cidadãos suíços ou estrangeiros qualificados, ou seja, que viveram na Suíça por tempo suficiente para obter uma autorização de residência. Os candidatos também devem morar em uma casa no valor de pelo menos 200 mil francos suíços, aproximadamente um milhão de reais, e devem se comprometer a morar em Albinen por dez anos.

Grécia
Na região sul da Grécia, a Igreja Ortodoxa Grega introduziu um plano para pagar às famílias para se mudarem para a Ilha de Antikythera. Os novos residentes receberão uma casa e um terreno, além da quantia de € 500 (R$ 2,7 mil) todos os meses durante os primeiros três anos.

Irlanda
A Irlanda pretende pagar os maiores subsídios já ofertados por programas desse tipo, a fim de atrair moradores para ilhas isoladas no território irlandês.

O governo anunciou em junho que irá pagar para as pessoas reformarem casas nas 30 ilhas mais isoladas do país, algumas possuem apenas dois habitantes. De acordo com o comunicado, o país oferecerá de € 60 mil a € 84 mil (cerca de R$ 300 mil a 440 mil) para aqueles que quiserem se mudar para algum dos locais ofertados. No entanto, o subsídio é oferecido apenas para reforma de casas desocupadas há pelo menos dois anos, e não para a compra das residências.

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