Reino Unido vai indenizar pessoas tratadas com sangue contaminado com HIV nas décadas de 1970 e 1980
Governo deve gastar cerca de R$ 64,7 bilhões devido a escândalo no Serviço Nacional de Saúde
O Reino Unido vai indenizar milhares de pessoas que receberam transfusões de sangue contaminado com HIV ou hepatite C nas décadas de 1970 e 1980. De acordo com o jornal britânico Sunday Times, o governo deve gastar mais de 10 bilhões de libras, cerca de R$ 64,7 bilhões.
O governo comunicou a medida através da publicação de um relatório de inquérito independente, nesta segunda-feira (20).
O erro médico, que matou pelo menos 3 mil pessoas, é considerado um dos piores escândalos na história do Serviço Nacional de Saúde, financiado pelo estado. Estima-se que o tratamento desastroso teria contaminado cerca de 30 mil pessoas, no entanto, acredita-se que muito mais vidas foram afetadas pela doença, já que alguns casos de infecção nunca foram registrados.
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Sobreviventes e familiares das vítimas pedem por justiça, indenização e respostas sobre como o erro ocorreu, mesmo com os diversos avisos sobre os riscos de contaminação. Na época, as amostras de sangue contaminado e produtos sanguíneos, alguns importados dos Estados Unidos, foram administrados em pacientes que precisavam de transfusões ou como tratamento para casos de hemofilia.
Segundo o Sunday Times, o primeiro-ministro Rishi Sunak fará um pedido de desculpas oficial, além do relatório de inquérito emitido pelas autoridades. O governo também deve anunciar um pacote de compensação financiado por empréstimos já nesta terça-feira.
"Acho que este é o pior escândalo da minha vida", disse o ministro das Finanças, Jeremy Hunt, ao jornal. "As famílias têm todo o direito de estar incrivelmente irritadas que gerações de políticos, incluindo eu quando era secretário de saúde, não agiram rápido o suficiente para abordar o escândalo."
Pedidos de desculpas
O ex-primeiro-ministro David Cameron pediu desculpas publicamente pelo escândalo em 2015, após um relatório sobre seu impacto na Escócia.
Em 2017, o governo da a primeira-ministra Theresa May anunciou o inquérito público, que terá suas conclusões publicadas nesta segunda-feira, apurando por que os tratamentos contaminados não foram interrompidos mais cedo e se houve tentativas de encobrir o problema.
O governo já pagou 100 mil libras (R$ 650 mil) de indenização provisória a algumas vítimas a um custo estimado de cerca de 400 milhões de libras (R$ 2,5 bilhões), seguindo uma recomendação do inquérito em 2022.