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Golpe de Estado

Relator da ONU 'aterrorizado' emite alerta severo sobre Mianmar

Mianmar ficou praticamente isolado do mundo pela terceira noite consecutiva, depois que os generais que destituíram e prenderam a líder civil Aung San Suu Kyi

Golpe de estado em MyanmarGolpe de estado em Myanmar - Foto: STR / AFP

O relator especial da ONU para Mianmar emitiu nesta terça-feira (16) um alerta severo sobre o potencial para uma escalada de violência no país, à medida que os protestos continuavam após o golpe militar. 

Mianmar ficou praticamente isolado do mundo pela terceira noite consecutiva, depois que os generais que destituíram e prenderam a líder civil Aung San Suu Kyi em 1º de fevereiro cortaram a internet. 

Com a expectativa de que os manifestantes anti-golpe se reúnam novamente na quarta-feira nas principais cidades, como já vinham fazendo há dias, o enviado da ONU, Tom Andrews, emitiu o alarme. 

"Temo que quarta-feira haja potencial para violência em uma escala maior em Mianmar do que vimos desde a tomada ilegal do governo em 1º de fevereiro", afirmou Andrews.

Andrews informou em um comunicado que com os manifestantes se acumulando na capital comercial Yangon, ele "recebeu relatos de soldados sendo transportados de  regiões remotas para ao menos Yangon". 

"No passado, esse tipo de movimento de tropas antecediam assassinatos, desaparecimentos e prisões em grande escala", ressaltou.  

"Estou com medo de que, dada a confluência desses dois acontecimentos - protestos em massa planejados e tropas se movimentando - possamos estar no precipício dos militares cometendo crimes ainda maiores contra o povo de Mianmar". 

Andrews afirmou também ter "notícias de que um julgamento secreto" de Suu Kyi e do presidente deposto Win Myint começou esta semana. 

O advogado de Suu Kyi, Khin Maung Zaw, anunciou nesta terça-feira que uma segunda acusação foi apresentada contra sua cliente. Ele disse que ela e Win Myint deveriam comparecer por videoconferência durante um julgamento em 1º de março. 

Andrews pediu à comunidade internacional para pressionar os generais e "convencer a junta de que os comícios planejados para quarta-feira devem prosseguir sem prisões ou violência". 

"A repressão contínua das liberdades básicas e dos direitos humanos de Mianmar ao povo deve terminar imediatamente", acrescentou. 

Ele também pediu às empresas estrangeiras que cortem os laços com Mianmar se os generais "continuarem neste caminho violento". 

Os militares justificaram sua tomada de poder alegando fraude eleitoral generalizada nas eleições de novembro vencidas pelo partido de Suu Kyi.

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