LUTO

Relembrando mais de 130 mortos em chuvas no ano passado, grupo protesta no Recife Antigo

Medidas de prevenção nas áreas de risco e moradias seguras foram solicitadas no ato; 132 morreram e mais de 125 mil ficaram desabrigadas ou desalojadas

Representando lama, argila foi usada por algumas crianças que estavam no ato desta manhã de domingoRepresentando lama, argila foi usada por algumas crianças que estavam no ato desta manhã de domingo - Foto: Arthur de Souza/Folha de Pernambuco

Em memória das 132 mortes confirmadas no Recife e Região Metropolitana durante as chuvas do ano passado, familiares, amigos, vizinhos e 18 entidades sociais realizaram um ato de protesto no bairro do Recife Antigo na manhã deste domingo (28).

À epoca, mais de 125 mil pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas. Historicamente, essa é considerada uma das maiores tragédias que Pernambuco enfrentou.

Algumas das pessoas que participaram do encontro usaram argila em seus corpos para fazer alusão aos deslizamentos das barreiras. Um grupo de crianças da instituição Praça do Cristo produziu cartazes com nomes das vítimas fatais que conheciam.

Grupo levou cartazes relembrando marcas da tragédia que ocorreu no ano passado; 132 pessoas morreram (Foto: Arthur de Souza/Folha de Pernambuco)

Ainda em meio ao processo de luto, o ato também teve o intuito de fazer cobranças às autoridades. A criação de planos de contingência nas áreas de risco, ampliação de formas de previsão, realização de simulações, implementação de comitês permanentes, aumento no valor do auxílio emergencial, construção de abrigos emergenciais e a garantia de atendimento médico e psicológico para a população atingida estavam entre os pedidos do grupo.

Uma das representantes da Habitat Brasil, Mohema Rolim trouxe um alerta para a possibilidade de repetição da tragédia neste ano e nos próximos.

“É um aniversário de morte, onde relembramos tudo o que aconteceu ano passado com esse ‘peso’ de que pode acontecer de novo. E isso é possível, uma vez que a infraestrutura urbana não chegou nessas áreas. É um dia de luto e de luta também, para que a gente não deixe que essas mortes sejam ‘engavetadas’. Seguimos numa cidade não preparada”, afirmou Mohema.

Ela também classificou o episódio que rendeu 132 mortes e mais de 125 mil pessoas entre desalojados e desabrigados como “desastre socioambiental” e fez um paralelo com a realidade de chuvas em um dos bairros mais nobres da Zona Sul do Recife.

Mohema Rolim, uma das representantes da Habitat Brasil no evento que aconteceu no bairro do Recife Antigo (Foto: Arthur de Souza/Folha de Pernambuco)

“Não é um desastre ambiental, mas socioambiental, porque parte da cidade não tem estrutura para suportar as chuvas. Quem mora em Boa Viagem não morreu nem teve a sua casa destruída. Quem morreu tem nome, endereço e cor”, completou. 


Confira abaixo a lista das 18 instituições que estiveram no ato
Habitat Brasil | Cooperativa Arquitetura Urbanismo e Sociedade (Caus) | Grupo Mulher Maravilha | Praça do Cristo |  Associação Gris Espaço Solidário | Fórum Popular do Rio Tejipió (Forte) | Ibura Mais Cultura | Somos Todos Muribeca | Cáritas Brasileira Regional NE2 | Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social (Cendhec) | Fórum de Mulheres de Pernambuco | Conselho Regional de Psicologia | Articulação Negra de Pernambuco (Anepe), IBDU, Comissão advocacia popular da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), comissão de direito urbanístico da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), CPDH e Articulação Recife de Luta.
 

O que diz a prefeitura do Recife
Por meio das redes sociais, o prefeito João Campos (PSB) apareceu em um vídeo e também relembrou a tragédia. Ele citou o número de obras concluídas e em andamento nas áreas de risco da cidade, além de anunciar outras 24. 


“Nesse último ano, foi muito trabalho e dedicação. Hoje temos mais de 65 grandes obras entregues e outras 45 em andamento e hoje anuncio mais 24 para começar de forma imediata. Conseguimos R$ 2 bilhões para destinar integralmente às áreas de risco e vulneráveis. É nosso trabalho fazer obra com qualidade e priorizar as áreas de risco”, disse.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 

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