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Relembre o caso de Trump e Stormy Daniels, atriz pornô que trava batalha judicial com ex-presidente

Juiz recusou pedido da defesa do ex-presidente para rejeitar a acusação e manteve o calendário anteriormente previsto, com julg

Relembre o caso de Trump e Stormy DanielsRelembre o caso de Trump e Stormy Daniels - Foto: Jim Watson/AFP/Robyn Beck/AFP/

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump retornou ao Tribunal Distrital de Nova York nesta quinta-feira (15) para uma nova audiência no caso de pagamento de suborno à atriz pornô Stormy Daniels antes da eleição presidencial de 2016. A defesa do republicano havia solicitado o arquivamento do caso, mas o juiz Juan Merchan negou o pedido e determinou que a programação normal já prevista, com o julgamento marcado para 25 de março, deveria ser mantida.

A história de Trump e Daniels começou no verão de 2006, quando os dois se cruzaram num resort de luxo no estado de Nevada durante um torneio de golfe. Ela havia aparecido no filme “O Virgem de 40 Anos”, e Trump tinha acabado de ter um filho com Melania, sua mulher. Segundo o relato da atriz, o republicano a convidou para jantar em sua suíte, onde a recebeu de pijama no sofá. Daniels afirma que, depois, tiveram uma relação sexual — algo que ele nega.

O que está provado, no entanto, é que ela recebeu US$ 130 mil (R$ 645,9 mil, na cotação atual) pouco antes da eleição de 2016, presumivelmente para não falar publicamente sobre isso. Esse pagamento foi o que levou um grande júri do estado de Nova York a denunciá-lo, algo que nunca aconteceu antes com um ex-presidente dos EUA. Assim que a transação foi revelada, em 2018, a atriz começou a dar entrevistas e pediu à Justiça que cancelasse o acordo de confidencialidade que ela assinou.

Em 2018, em um programa da CBS, Daniels disse que desejava esclarecer as coisas. Ela enfatizou que não era uma vítima e que, embora não se sentisse atraída por Trump naquela noite em Nevada, a relação foi consensual. A atriz contou que o político teria feito promessas sobre uma aparição em O Aprendiz, reality show que ele apresentava antes de chegar à Casa Branca em 2017. Daniels afirmou que pensava que Trump fazia aquilo para que ela não perdesse o interesse nele.

Depois daquele encontro em Nevada, ela conta que Trump a telefonou algumas vezes, e que costumava chamá-la de “favo de mel”. Os dois se encontraram pelo menos outras duas vezes em 2007, mas Trump nunca a levou para O Aprendiz, o que reforçou a ideia de que ele fazia as promessas “apenas para impressionar”. A atriz relata que ele continuou ligando, até que ela parou de atender.

Vendendo histórias
Enquanto Trump ensaiava se candidatar a presidente em 2011, a atriz pornô começou a trabalhar com um agente para tentar vender a história do caso entre eles. Eles negociaram um acordo de US$ 15 mil (R$ 74,5 mil) com a revista de celebridades Life & Style. A atriz contou ao repórter que a oferta de Trump para transformá-la em participante do reality show era uma mentira, segundo transcrições publicadas na internet.

No momento em que a revista procurou a Organização Trump para comentar, Michael Cohen, advogado pessoal do republicano, retornou a ligação com a ameaça de processo, e a revista desistiu da reportagem. A atriz não recebeu o pagamento. Ao mesmo tempo, Trump desistiu da candidatura e continuou apresentando reality.

Quando o ex-presidente Barack Obama se preparava para deixar o cargo, em 2015, Trump decidiu se candidatar mais uma vez. Em agosto, ele se reuniu Cohen e David Pecker, o publisher da “American Media Inc.”, que publica o tabloide National Enquirer, em seu escritório na Trump Tower. Pecker, amigo de longa data de Trump, prometeu publicar reportagens positivas sobre ele e negativas sobre seus concorrentes, de acordo com três pessoas que tiveram conhecimento do encontro.

Ele também concordou em trabalhar com Cohen para encontrar e conter reportagens que pudessem causar dano aos novos esforços de Trump. Às vésperas da eleição, porém, o jornal Washington Post divulgou trechos de uma gravação em que o então candidato à Casa Branca faz comentários vulgares sobre como apalpar mulheres. Com a repercussão do caso, Daniels e seus assessores voltaram a buscar espaço na imprensa.

O suborno
O advogado da atriz entrou em contato com o editor da revista Enquirer, Dylan Howard — e foi aí que o advogado de Trump entrou na negociação. Os executivos da publicação alertaram Cohen, e ele pediu ajuda ao editor da revista. De acordo com informações obtidas por autoridades federais, o advogado conversou por telefone com Trump e com os dois executivos da revista. E foi o editor da Enquirer que o botou em contato com o advogado de Stormy Daniels.

Três dias depois da divulgação das gravações pelo Post, o advogado de Trump concordou em pagar o suborno em troca do acordo de silêncio.Cohen assinou em nome de Trump, mas o pagamento demorou a sair. Ele argumentou que precisava resolver de onde tirar o dinheiro durante a campanha, por causa dos impedimentos da lei eleitoral. Segundo o advogado, Trump aprovou o pagamento.

Com a demora no repasse, o advogado da atriz cancelou o acordo. Com medo da negociação de suborno ser revelada juntamente com o escândalo sexual, o advogado concordou em pagar com recursos próprios e um novo acordo foi assinado. A atriz manteve o silêncio e, menos de duas semanas depois, o ex-presidente venceu a eleição de 2016.

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