Remédios em espera para aprovação por agências poderiam ter evitado 1,5 milhão de casos de câncer
Medicamentos reduziriam entre 10% e 20% o número de mortes relacionadas à doença; uso é permitido em países como os Estados Unidos
Aproximadamente 1,5 milhão de vidas poderiam ser salvas a cada ano caso o mundo “trabalhasse de forma coordenada” para aprovar de forma mais rápida novos medicamentos contra o câncer. É o que aponta um estudo publicado nesta terça-feira pela Harvard Business Review. Esse número é baseado no tempo necessário para aprovar, em diferentes países, os medicamentos mais recentes indicados para tratar câncer de pulmão e de próstata. As medicações já são legalizadas nos Estados Unidos.
Os autores do artigo, entre eles o oncologista americano Bobby Daly, analisaram dois medicamentos contra diferentes tipos de câncer. Um deles é o pembrolizumab, um tratamento eficaz para a maioria dos cânceres de pulmão, aprovado em 2016 pela agência responsável pelos setores de alimentos e remédios nos Estados Unidos, a FDA (na sigla em inglês).
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O outro é o enzalutamida, para combater o câncer de próstata, o segundo mais diagnosticado no mundo entre os homens. Esse medicamento foi aprovado nos Estados Unidos em 2012, mas a China, por exemplo, levou sete anos para autorizá-lo, em parte por causa da cobrança de novos testes.
A partir desses dois casos, os pesquisadores calcularam que, a cada ano, a FDA aprova em torno de sete medicamentos contra o câncer, que, se autorizados rapidamente no restante do mundo, reduziriam o número de mortes relacionadas à doença para entre 10% e 20%. Isso representa aproximadamente 1,5 milhão de pessoas. O estudo, no entanto, ainda não foi revisado de forma independente.
"É difícil constatar que, quando um medicamento é aprovado nos Estados Unidos, passam-se anos até que eu possa prescrevê-lo para meus pacientes", disse à AFP Mary Gospodarowicz, membro da Bloomberg New Economy International Cancer Coalition.