Represália de narcotraficantes por extradição de 'Otoniel' deixa oito mortos na Colômbia
Dairo Antonio Úsuga foi preso em outubro de 2021, durante negociação policial na Colombia
Oito mortos e centenas de populações paralisadas sob a mira de armas e ameaças nas redes sociais deixa a investida lançada pela quadrilha do chefe do narcotráfico extraditado Otoniel, a três semanas das eleições presidenciais na Colômbia.
Apesar da mobilização militar, o Clã do Golfo completou nesta segunda-feira (9) cinco dias de "paralisação armada" em uma vasta área do norte da Colômbia. Embora o maior dano tenha sido causado nas estradas, onde quase 190 veículos foram incendiados, os pistoleiros mataram oito pessoas, incluindo três civis, segundo o balanço parcial de autoridades. Também na ofensiva caíram três militares e dois policiais.
O episódio mais recente ocorreu nesta segunda-feira, no município de Santa Fé de Antioquia, onde, segundo o Exército, uma "caravana humanitária" escoltada pelas tropas foi atacada com explosivos. "Um soldado e um integrante da Polícia Nacional foram mortos" e mais quatro membros da força pública ficaram feridos, informou o comando militar.
Na maior demonstração de força do narcotráfico nos últimos tempos, o Clã do Golfo também interrompeu as atividades em centenas de municípios de nove dos 32 departamentos da Colômbia. Diante da ameaça, localidades de Antioquia, Chocó, Córdoba, Sucre e Bolívar – os departamentos mais afetados – optaram pelo confinamento.
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Mobilização inédita
Nesta segunda-feira, o presidente Iván Duque prometeu uma resposta mais dura contra a quadrilha, que, segundo estimativas oficiais, movimenta entre 30% e 60% da cocaína produzida no país, maior fornecedor mundial dessa droga.
"Verão uma mobilização inédita contra essa estrutura", afirmou Duque após um conselho de segurança em Carepa, no departamento de Antioquia (noroeste).
Segundo o presidente, 52 mil soldados e policiais combatem o cartel de Otoniel. Ele também anunciou a criação de blocos de buscas para localizar "Siopas", "Chiquito Malo" e "Gonzalito", que assumiram o controle do exército de pistoleiros de Otoniel.
Unidades combinadas da polícia e do Exército capturaram 175 supostos membros do Clã e apreenderam armas, munição e granadas.
Dizimado após anos de perseguição, o Clã do Golfo chegou a contar com um exército de cerca de 4.000 homens, incluindo informantes e pistoleiros. O centro de estudos independente Indepaz estima que sua força esteja em torno de 1.600 membros.
Após a extradição de Otoniel, o Clã mostrou força e se envolveu na campanha para suceder o presidente Duque, que, por lei, não pode concorrer à reeleição.
O opositor de esquerda Gustavo Petro, favorito nas pesquisas, questionou a política oficial de segurança no país em conflito, afirmando que o governo "entregou o país" à delinquência. O candidato Federico Gutiérrez, próximo da direita conservadora governante, convocou a "recuperar a ordem".
Além da mobilização de tropas, Duque anunciou recompensas de até 1,2 milhão de dólares por informações que levem a "Siopas", "Chiquito Malo" e "Gonzalito".