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Republicanos na Câmara bloqueiam divulgação de relatório sobre secretário nomeado por Trump

Obstrução cria impasse com Senado

Matt GaetzMatt Gaetz - Foto: Jim Watson/AFP

Os republicanos da Câmara votaram na quarta-feira para bloquear a publicação de um relatório do Comitê de Ética sobre as alegações de má conduta sexual e uso de drogas ilícitas contra o ex-deputado Matt Gaetz, republicano da Flórida nomeado pelo presidente eleito Donald Trump para a Secretaria de Justiça, instaurando um possível conflito constitucional entre a Câmara e o Senado.

Os senadores de ambos os partidos têm instado ver as conclusões bipartidárias da investigação de um ano do painel sobre a conduta de Gaetz como parte de sua avaliação dos indicados presidenciais, que normalmente exigem a confirmação do Senado.

Mas desde que Trump indicou na semana o ex-deputado como sua escolha para chefiar o Departamento de Justiça, os republicanos da Câmara têm relutado em tornar o relatório público. E após uma reunião do painel de ética no Capitólio na quarta-feira, a deputada da Pensilvânia e democrata mais graduada, Susan Wild, disse que o comitê havia votado de acordo com as linhas partidárias para não tornar públicas suas conclusões.

Em uma declaração em nome dos cinco democratas do painel dividido igualmente, Wild disse que "para que algo avance de maneira satisfatória, alguém tem que cruzar as linhas partidárias e votar com o outro lado". Ela observou que o painel frequentemente faz votos bipartidários. Mas, segundo argumentou, "isso não aconteceu na votação de hoje [quarta-feira]".

O deputado Michael Guest, republicano do Mississippi que preside o comitê, se recusou a comentar a sessão, afirmando apenas que "não houve acordo do comitê para a publicação do relatório."

Cabo de guerra
O presidente da Câmara, Mike Johnson, pressionou o comitê na semana passada a não divulgar as conclusões sobre Gaetz, argumentando que seria uma "terrível quebra de protocolo" fazê-lo depois que um membro tivesse renunciado, colocando-o fora da jurisdição do painel. Ele também pediu em particular a Guest que não divulgasse as conclusões.

No Senado, tanto os republicanos quanto os democratas exigiram ver o relatório como parte do processo de confirmação. Alguns legisladores republicanos, como o senador John Cornyn, do Texas, sugeriram que o Comitê Judiciário, que tem jurisdição sobre os indicados do Departamento de Justiça, poderia intimar o comitê da Câmara se ele não entregasse o arquivo de bom grado.

Os democratas do Comitê Judiciário escreveram a Christopher Wray, o diretor do FBI, na quarta-feira solicitando "o arquivo probatório completo" sobre Gaetz, incluindo de uma investigação do Departamento de Justiça e do inquérito do Comitê de Ética, uma carta relatada anteriormente pelo jornal Politico.

Gaetz denunciou o inquérito ético como um "exercício de vingança política" e sugeriu que o documento teria sido organizado pelo ex-presidente da Câmara Kevin McCarthy, seu maior rival, cuja deposição ele orquestrou no ano passado.

Também na noite de quarta, os deputados democratas Sean Casten, de Illinois, e Steve Cohen, do Tennessee, fizeram, cada um, um movimento para obrigar a votação de toda a Câmara sobre o assunto. A liderança do Partido Republicano na Câmara terá dois dias legislativos para realizar a votação — na quinta-feira, antes do início do recesso de Ação de Graças, ou em 3 de dezembro, quando os legisladores retornarem.

O drama se desenrolou enquanto Gaetz acompanhava o vice-presidente eleito JD Vance pelo Capitólio, reunindo-se com senadores republicanos para obter o apoio deles para sua confirmação. Muitos senadores de ambos os partidos expressaram preocupação com a escolha de Gaetz para liderar o Departamento de Justiça.

Desafetos partidários
Além de seus desafios éticos e legais, Gaetz tem um longo histórico de menosprezar de bom grado alguns senadores republicanos cujos votos ele agora precisa confirmar. Mas na quarta-feira, ele estava trabalhando para consolidar o apoio com os céticos republicanos, incluindo o senador John Cornyn, do Texas, e a senadora Susan Collins, do Maine.

Desde 2021, o painel de ética vinha investigando Gaetz por uma série de alegações, incluindo que ele havia se envolvido em má conduta sexual e uso ilícito de drogas, compartilhado imagens ou vídeos inapropriados no plenário da Câmara, usado indevidamente registros de identificação estaduais, convertido fundos de campanha para uso pessoal e aceitado presentes que violavam as regras da Câmara.

A investigação secreta do Congresso foi interrompida enquanto o Departamento de Justiça realizava uma investigação relacionada à conduta de Gaetz, incluindo alegações envolvendo tráfico sexual e sexo com um menor.

Em fevereiro, o departamento decidiu não apresentar acusações contra Gaetz após concluir que não poderia fazer um caso forte o suficiente no tribunal. Assim que o inquérito do Departamento de Justiça terminou, o Comitê de Ética retomou seu trabalho.

O painel entrevistou mais de uma dúzia de testemunhas, emitiu 25 intimações e revisou milhares de páginas de documentos. O comitê disse em junho que continuava investigando as alegações de que Gaetz pode ter se envolvido em má conduta sexual e uso ilícito de drogas, aceitado presentes impróprios, dispensado privilégios e favores especiais a indivíduos com quem tinha um relacionamento pessoal e buscado obstruir investigações governamentais sobre sua conduta.

Em uma carta pública de setembro, Gaetz chamou o trabalho do Comitê de Ética de "desconfortavelmente intrometido" e reclamou que envolvia perguntas sobre detalhes de sua atividade sexual. "As atividades sexuais legais e consensuais de adultos não são da conta do Congresso", escreveu.

Ele observou que já havia sido investigado pelo Departamento de Justiça, que optou por não dar continuidade ao caso. "As mesmas pessoas que mentiram para o Comitê de Ética também estavam mentindo para eles", disse.

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