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Retomada da guerra em Gaza foi "totalmente coordenada" com os EUA, diz porta-voz israelense

Autoridades americanas já haviam antecipado que o governo israelense tinha informado previamente sobre a retomada das ações ofensivas em Gaza

Moradores de Gaza vasculham escombros após bombardeio israelense em NuseiratMoradores de Gaza vasculham escombros após bombardeio israelense em Nuseirat - Foto: Eyad Baba/AFP

O governo de Israel anunciou nesta terça-feira que a retomada das atividades militares na Faixa de Gaza — primeira ação em larga escala desde o cessar-fogo acordado em janeiro — foi "totalmente coordenada" com os Estados Unidos.

O Ministério da Saúde do Hamas informou que cerca de 400 pessoas morreram em decorrência da retomada dos bombardeios, e que equipes de resgate tentavam localizar sobreviventes e corpos soterrados nos escombros de construções que desabaram.

— Eu posso confirmar que o retorno dos intensos combates em Gaza foram totalmente coordenados com Washington — disse o porta-voz israelense, David Mencer, nesta terça. — Israel agradeceu ao presidente [americano, Donald] Trump e sua administração pelo apoio incondicional.

Autoridades americanas já haviam antecipado que o governo israelense tinha informado previamente sobre a retomada das ações ofensivas em Gaza. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou em uma entrevista à rede Fox News na segunda-feira (madrugada de terça em Israel) que os ataques estavam de acordo com a linha adotada por Trump para a região.

— Como o presidente Trump deixou claro, o Hamas, os Houthis, todos aqueles que buscam aterrorizar não apenas Israel, mas também os Estados Unidos da América, verão um preço a pagar — disse Leavitt, mencionando também os ataques americanos contra posições rebeldes no Iêmen. — O inferno vai desabar.

Em um comunicado oficial, o Hamas atribuiu "responsabilidade total" aos EUA pelos ataques de Israel.

O grupo palestino apontou que o "apoio político e militar ilimitado" ao país do Oriente Médio provocou o "massacre" de mulheres e crianças no enclave.

"A comunidade internacional é instada a tomar medidas imediatas para responsabilizar a ocupação [como o grupo de refere a Israel] e a seus apoiadores por esses crimes contra a humanidade", disse o comunicado.

Em Washington, a leitura foi oposta. Autoridades culparam o Hamas pelo impasse nas negociações que pretendiam prolongar o cessar-fogo.

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Brian Hughes, disse em um comunicado que o grupo poderia ter libertado os reféns e prosseguido com a primeira fase da trégua, "mas escolheu a recusa e a guerra".

O acordo aceito por Israel e Hamas em janeiro, alcançado com mediação dos EUA e de países árabes, previa um avanço em três fases, em que a etapa inicial em que ocorreria apenas a troca de reféns por prisioneiros palestinos evoluiria para um processo de paz duradoura e retirada total de Israel da Faixa de Gaza.

Contudo, à medida que o prazo final para negociar a aplicação da segunda fase se encurtava, tanto o governo do Estado judeu quanto negociadores dos EUA tentaram patrocinar a ideia de uma extensão da primeira fase até abril, com a total libertação dos reféns — algo que o Hamas rejeitou, sob argumento de que não teria garantias de que os combates não seriam retomados em seguida. (Com AFP)

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